80 tiros no Rio de Janeiro | Justiça mantém prisão de 9 dos 10 militares detidos por matar músico
A Justiça Militar determinou hoje que nove dos dez militares que foram presos em flagrante pelo assassinato do músico Evaldo Rosa dos Santos permaneçam detidos. Durante audiência de custódia, realizada nesta tarde, a juíza Mariana Aquino de Campos, da 1ª Auditoria da Justiça Militar, converteu as prisões em flagrante para preventivas.
O soldado Leonardo Delfino Costa alegou não ter atirado e, por isso, foi liberado --apesar disto, ele segue sendo investigado pelo Exército brasileiro, que assumiu as investigações na última segunda-feira (8).
O carro em que Evaldo estava foi metralhado por militares no último domingo. Segundo a Polícia Civil --que fez os primeiros trabalhos de investigação, antes da transferência do caso-- mais de 80 disparos foram realizados contra o veículo dirigido pela vítima. Evaldo estava com a família a caminho de um chá de bebê quando foi abordado no bairro de Guadalupe, na zona norte da capital. O sogro dele, que estava no veículo, e um pedestre também ficaram feridos.
As primeiras informações divulgadas pelo Exército ainda ontem diziam que a tropa havia "reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo". Segundo a família, a vítima não tinha qualquer envolvimento com o crime.
Em um comunicado divulgado na segunda-feira, o CML (Comando Militar do Leste) informou que, "com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha, foi emitida nota segundo a qual a tropa teria reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo".
"Em virtude de inconsistências identificadas entre os fatos inicialmente reportados [pelo militares envolvidos na ação] e outras informações que chegaram posteriormente ao Comando Militar do Leste, foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos, que foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos individualizados", continua a nota.
Investigações ficarão com o Exército
As investigações sobre a morte e os feridos ficarão a cargo do próprio Exército, que assumiu as investigações do caso com base em uma lei de 2017, sancionada pelo então presidente Michel Temer (MDB).
A legislação diz que crimes dolosos contra a vida, cometidos por militares das Forças Armadas, serão investigados pela Justiça Militar da União, em alguns casos. Os laudos já feitos pela Polícia Civil do Rio serão fornecidos ao exército para o prosseguimento dos trabalhos.
"Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares", afirmou na manhã de hoje o delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios da capital, que estava responsável pelo caso antes da transferência da investigação.
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UOL Notícias