A grande batalha
“Por que travar pequenas batalhas, se eu tenho uma bem grande pela frente?” Com a pergunta retórica, um badalado Paulo Guedes (Economia) respondeu dia desses à Bloomberg quando indagado sobre o prometido corte de subsídios pelo governo Bolsonaro. Esses benefícios carcomem mais de R$ 300 bilhões por ano do Orçamento da União.
Guedes referia-se à reforma da Previdência quando falava da grande batalha. “O mais importante são as reformas estruturais. Se eu começar a discutir corte de subsídios aqui e ali, perco apoio político”, raciocinava.
A estratégia no Ministério da Economia é empurrar para adiante não só a discussão sobre subsídios mas todo e qualquer assunto espinhento —como a abertura comercial, a simplificação tributária, a reforma administrativa e a carteira verde e amarela. O objetivo é evitar a ira de potenciais aliados no momento em que o governo precisa arregimentar forças para aprovar a nova Previdência.
Nas fileiras confederadas de Guedes, está o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente da Câmara também tem alertado sobre o perigo de “estressar o plenário” da Casa, dispersando energia com outros temas, como a agenda de costumes ou mesmo o pacote anticorrupção de Sergio Moro (Justiça). O demista defende prioridade para a articulação da reforma das aposentadorias.
Mas há traços de miopia na visão do Palácio do Planalto e adjacências. Moro propõe ao Congresso o debate simultâneo de suas medidas com a Previdência. Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sugere preferência para a pauta contra corrupção como forma de avaliar a performance da base de apoio bolsonarista. Com a hospitalização prolongada do presidente, não há voz de comando unificada. O popular barata-voa.
Nesta semana, surgiram inúmeras críticas sobre a escassez de coordenação política e o excesso de propostas na largada do governo. A liderança governista no Legislativo claudica, com um líder inexpressivo sob boicote na Câmara e ainda sem a indicação de um nome para o Senado.