A questão dos trintões na seleção brasileira
Mantido no comando da seleção brasileira mesmo com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo, Tite fará nesta sexta (17) sua primeira convocação no novo ciclo de trabalho.
Estou curioso. Quero saber quantos (e quais) jogadores dos que estiveram na Rússia integrarão a lista. Será possível avaliar quem manteve o prestígio e quem perdeu.
Em texto após a eliminação do Brasil do Mundial, fiz uma análise na qual 10 (Fagner, Miranda, Thiago Silva, Geromel, Fernandinho, Renato Augusto, Fred, Paulinho, Willian e Taison) dos 23 deveriam não mais ser chamados, elencando os motivos.
A idade é um fator importante a ser considerado.
Pode parecer preconceituoso, mas a realidade é que a partir dos 30 anos geralmente os jogadores começam a ter uma queda de rendimento, principalmente física.
Isso faz parte da vida do atleta, nos esportes que exigem muito de pernas (caso do futebol) e braços. Ossos, músculos, articulações se desgastam. A máquina humana envelhece.
Os avanços da ciência, no tocante à fisiologia, conseguem prolongar as carreiras, porém é evidente que um jogador na faixa dos 20 a 25 anos tem mais energia do que um na dos 30 a 35.
Há exceções, como um Cristiano Ronaldo, com corpo de 20 aos 33, conforme apontaram exames feitos pela Juventus, o novo clube do português? Sim, mas não são fartas.
Dos dez que mencionei para não mais serem convocados para a seleção, oito já são trintões, e Fagner está quase lá (29). O volante Fred, de cujo jogo não sou grande fã, tem 25.
Ah, mas os laterais esquerdos Marcelo e Filipe Luís também já passaram dos 30, assim como o goleiro Cássio, e eu não os descartei.
Marcelo por ser o melhor do mundo em sua posição. Sobre Filipe Luís, taticamente um jogador diferenciado, frisei ser necessário observar o fôlego – se involuir há vários bons nomes, mais jovens, para substituí-lo, como Alex Sandro, Jorge (ex-Flamengo) e Guilherme Arana (ex-Corinthians).
Na posição de goleiro, considero que a idade é um limitador bem menor – muitas vezes, quanto mais velho, melhor. Buffon, aos 40 anos, ainda é um dos melhores do mundo. Outros exemplos: o alemão Neuer, 32, o francês Lloris, 31, e o costarriquenho Navas, 31.
Por isso, para ficar sob as traves, Cássio não é problema e pode ser solução, assim como Diego Alves, 33, em ótima forma no Flamengo. (Só que dificilmente Alisson perderá a posição de titular.)
Com a bola nos pés, o Brasil sempre teve, tem e terá talento, em especial do meio de campo para a frente, então defendo nessa convocação uma renovação considerável, para que seja iniciada a formação de uma equipe que chegue à Copa do Qatar, em 2022, com vigor de sobra.
Gostaria de ver gente como Pedro, 21 (atacante do Fluminense), Lucas Paquetá, 20 (meia-atacante do Flamengo), Malcom, 21 (atacante do Barcelona), David Neres, 21 (atacante do Ajax), Richarlison, 21 (atacante do Everton), Arthur, 22 (volante do Barcelona), Militão, 20 (lateral-zagueiro do Porto), e Igor Rabello, 23 (zagueiro do Botafogo), na lista de Tite.
Até mesmo teens como Vinicius Júnior, 18 (atacante do Real Madrid), Rodrygo, 17 (atacante do Santos já negociado com o Real Madrid), e Vitinho, 19 (lateral direito do Cercle Brugge, da Bélgica, ex-Cruzeiro), seriam bem-vindos.
O Brasil terá em setembro amistosos contra EUA (dia 7) e El Salvador (dia 11). A hora de ter coragem e experimentar é agora.
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Em tempo: Sobre o jogador que às vésperas do Mundial de 2022 estará perto dos 35 anos, é pertinente registrar o improvável, já que o futebol está sujeito a imprevisibilidades: se estiver, nos meses anteriores à Copa, jogando o melhor futebol da carreira, e sua respectiva posição tiver lacunas, pode sim ocupar uma vaga no elenco da seleção.