Acusação do Irã de que EUA estão por trás de atentado aumenta tensão regional
Acusações por autoridades iranianas de que um ou mais países aliados aos Estados Unidos estariam por trás de um ataque terrorista neste sábado (22) em Ahvaz aumentaram a tensão entre Teerã e Washington às vésperas da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O presidente do Irã, Hasan Rowhani, disse neste domingo (23) que um país aliado aos EUA no golfo Pérsico seria responsável pelo atentado a uma parada militar na cidade de Ahvaz, que matou 25 pessoas e feriu ao menos 60.
O Ministério das Relações Exteriores do país convocou diplomatas de países como Reino Unido, Dinamarca e Holanda para explicações, acusando-os de dar abrigo a separatistas árabes que reivindicaram a autoria do ataque.
Apesar de Rowhani não ter especificado a que país se referia, acredita-se que ele estivesse falando da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos ou de Bahrein, todos aliados próximos dos EUA. "Esses pequenos países mercenários que vemos na região são apoiados pelos EUA. São os americanos que os instigam e dão a eles os meios necessários para cometer esses crimes", disse o presidente antes de partir para o evento da ONU em Nova York.
No sábado, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, já havia acusado países árabes do golfo, apoiados pelos Estados Unidos, de estarem por trás do ataque.
"Esse crime é uma continuação dos planos de Estados da região, que são marionetes dos EUA. O objetivo deles é criar insegurança em nosso querido país", disse Khamenei, sem dizer quais seriam as nações envolvidas.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, também havia culpado no sábado países da região e "mestres americanos" pelo ataque.
As tensões entre Irã e Estados Unidos já vinham aumentando nos últimos meses, em especial depois que o governo de Donald Trump abandonou o acordo nuclear com o país.
O atentado deste sábado, em que militantes disfarçados de soldados abriram fogo durante uma parada militar anual, foi o maior no país em quase uma década. Mulheres e crianças fugiram dos tiros enquanto soldados da Guarda Revolucionária Islâmica, unidade militar de elite do país, eram atingidos.
Ao menos oito membros da guarda morreram e a unidade promete neste domingo vingar o ataque. "Considerando que temos pleno conhecimento dos centros de mobilização dos líderes terroristas criminosos, eles enfrentarão uma vingança mortal e inesquecível no futuro próximo", disse a guarda em comunicado.
Um grupo separatista árabe, que afirma que a minoria étnica é discriminada pelo governo, dominado pelos persas, reivindicou a autoria do ataque.
Os EUA vêm impondo novamente sanções ao Irã desde que os americanos abandonaram o acordo nuclear com o país, em maio. Washington também vem pressionando para que o Irã abandone o apoio ao que consideram atividades desestabilizadoras na região.
O governo dos EUA criticou o ataque de sábado, dizendo que "condena todos os atos de terrorismo e a perda de vidas inocentes".
Mas a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, refutou as acusações de Rowhani. "[Rowhani] enfrenta o povo iraniano protestando, cada grama de dinheiro que entra no Irã vai para os militares. Ele vem oprimindo seu povo há muito tempo e precisa olhar para sua própria base para saber de onde isso [terrorismo] está vindo", disse ela à rede de TV CNN.