Aeroporto de Guarulhos ganha nova rota para Santiago
Carros de bombeiros posicionam seus canhões de água na pista do aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo). Passageiros e tripulantes se dirigem para as paredes envidraçadas do terminal 3 e ligam as câmeras de seus celulares. Dali veem o Boeing 777-200 LR da Emirates se deslocar lentamente para o batismo.
É o primeiro voo da aeronave na nova rota da companhia área Emirates, que liga Santiago do Chile a Dubai e faz escala em São Paulo, com cinco partidas e chegadas por semana.
A viagem inaugural aconteceu no dia 5 de julho. A decolagem estava prevista para 18h30, mas houve atraso de uma hora devido ao cerimonial.
O avião escolhido para a rota é um dos dez Boeings 777-200 LR recém-reformados pela companhia do Oriente Médio, um investimento de US$ 150 milhões (R$ 589 milhões).
O objetivo da Emirates vai além de estabelecer a ligação entre o Chile e o Oriente Médio. Por ter uma proposta premium, a companhia quer atrair turistas que saem do Brasil para Santiago e querem uma experiência mais requintada a bordo.
Há 264 lugares na classe econômica em filas com dez poltronas —três em cada lateral e quatro no centro. Os encostos são largos e há espaço razoável para pernas, além de apoio de cabeça com abas reguláveis.
As telas do sistema de entretenimento impressionam pela qualidade de imagem, embora tenham tamanho padrão para a categoria.
O catálogo disponível a bordo no voo inaugural dispõe de mais de 500 filmes, porém, muitos títulos recentes não têm áudio em português.
A experiência de fato está nos 38 assentos da nova classe executiva, com padrão semelhante ao adotado pela empresa no Airbus A380, que faz a continuação da viagem, de São Paulo a Dubai.
A poltrona bege de material similar ao couro tem comandos elétricos e pode ficar plana como uma cama. O passageiro pode assistir vídeos na tela de 23 polegadas e há também um tablet com funções do sistema multimídia.
O visual ostentação é complementado por aplicações de madeira clara envernizada.
Um nicho com portinhola guarda latas pequenas de refrigerante e água Perrier. Quem preferir a opção sem gás encontra uma garrafa de Evian no bolso à frente do assento.
Privilégio da classe executiva, o cardápio entregue aos passageiros inclui entrada, carta de vinhos e três opções de pratos quentes a escolher. Os textos estão em espanhol, inglês e árabe.
Ainda em solo, os comissários servem sucos, champanhe Veuve Clicquot e castanhas salgadas.
Só não espere ganhar o kit de amenidades com perfume e hidratante Bvlgari. A nécessaire é exclusividade do trecho mais longo, São Paulo-Dubai.
Outra diferença entre o voo na América do Sul e o trecho rumo aos Emirados Árabes aparecem na configuração das fileiras de assentos na classe executiva: 1-2-1 na "perna" mais longa, 2-2-2 na mais curta.
Os voos saem de São Paulo sempre às 18h30 e duram quatro horas. As viagens a partir de Santiago decolam à 1h10. Na pesquisa de preço da passagem na classe econômica feita no site da Emirates nesta segunda (9) para o feriado de Sete de Setembro, por exemplo (com partida de São Paulo na sexta 7 de setembro e volta de Santiago no domingo, dia 9), sai por R$ 1.394 por pessoa —na classe executiva, o valor passa para R$ 3.000 por pessoa.
Stephane Perard, diretor regional da Emirates no Brasil, afirma que os horários de ida e volta do trecho devem atrair empresários e executivos que viajam a trabalho para o Chile. "É possível ir no dia anterior, trabalhar e ainda jantar com clientes antes de embarcar de volta a São Paulo."
A Emirates é a Babel dos ares. A equipe de bordo do voo inaugural rumo a Santiago tem funcionários de seis países diferentes que podiam atender em 14 idiomas.
Enquanto um egípcio dá as boas-vindas à porta, a brasileira Bianca Prado, 33, orienta passageiros na cabine. Ela é chefe de equipe e mora em Dubai há dez anos, mas passa apenas 10 ou 15 dias por mês em sua casa.
Bianca explica que os comissários da Emirates não trabalham em rotas fixas. Se hoje ficam no trecho São Paulo-Santiago, três dias depois podem estar na Austrália.
Em breve, as equipes da empresa deverão receber muitos chineses no voo até Santiago. Esse é o sonho da Secretaria de Turismo do Chile, de olho nos 60 mil visitantes do país asiático que passaram pelo Brasil em 2017.
O desejo da Emirates e do governo chileno é que esses turistas que gastam bem —60% em viagem de trabalho, segundo a Embratur— se animem a esticar os voo que parte de Dubai e incluir na programação um passeio por Santiago.
O jornalista viajou a convite da Emirates.