Alckmin aposta em SP na reta final e 'cobra fatura' em estado que governou
Na última semana, Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Guarulhos, São José dos Campos, Aparecida, Sorocaba, Piracicaba e Jundiaí. Na próxima, irá a Santo André, Campinas, São José do Rio Preto e região.
A agenda do tucano na reta final da disputa presidencial poderia ser a de qualquer mês de setembro de 2001 a 2006 ou de 2011 a abril de 2018, quando ele governou São Paulo.
Atrás de Jair Bolsonaro (PSL) no estado administrado pelo PSDB nos últimos 24 anos, Alckmin está batendo na porta de eleitores que, embora tenham em tese se beneficiado de suas realizações, não estão convencidos em elegê-lo presidente do Brasil.
Aliados comparam. O ex-governador deixou o Palácio os Bandeirantes com 36% de aprovação, segundo o Datafolha, mas tem 16% em intenção de voto entre o mesmo eleitor paulista. Bolsonaro lidera em São Paulo, com 27%.
O tucano precisa chegar a 40% no maior colégio eleitoral do país (22% do eleitorado nacional) para ir ao segundo turno, calculam.
“Nós fizemos 16 hospitais novos, 23 ambulatórios médicos de especialidades (AMEs), ampliamos bastante”, recitou de memória Alckmin em um périplo paulista no sábado (22). “Esses últimos hospitais em Sorocaba e São José dos Campos estão com nível de aprovação de 99%. É isso que a gente quer levar para o Brasil. Recuperar a saúde e melhorar a gestão.”
Estrategistas do tucano afirmam reservadamente que o único cenário possível para que ele vá ao segundo turno combina um crescimento expressivo de Fernando Haddad (PT) e uma melhora de Alckmin no Sudeste, em particular em São Paulo.
Um aliado do candidato esmiúça o plano de voo. Haddad encosta em Bolsonaro na próxima semana e, na seguinte, o supera ou mantém-se empatado.
O eleitor que tem apostado no capitão reformado com o objetivo de derrotar o PT vai repensar seu voto, temeroso de um efeito rebote, diz o alckmista. Com alguma melhora do tucano nas pesquisas, conclui o estrategista, o eleitor antipetista decidirá por fim que o voto mais seguro é em Alckmin.
É o que a campanha tem chamado de onda final.
“A campanha será de reta final, dos últimos sete dias, não é nem dos 15 dias”, afirmou João Doria (PSDB), neste domingo (23), em ato com Alckmin no parque Ibirapuera, na capital paulista.
“O fenômeno vai ocorrer sobretudo nos estados da região Centro-Oeste, Sudeste e Sul, onde as mudanças serão mais agudas, intensas. Essas são as informações que nós temos de cientistas políticos e pesquisas”, completou o candidato a governador.
As dificuldades começam pelo próprio PSDB, cujos candidatos a deputado —importantes cabos eleitorais— têm em alguns casos omitido Alckmin nos santinhos e, em outros, incluído Bolsonaro.
Ao evento no Ibirapuera, chamado pelos tucanos de Arrancada 45 ou ato da virada, compareceu uma militância do PSDB e claque com bandeiras e panfletos.
De cima do carro de som, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), pediu que o perdoassem “as demais 5.500 cidades do país”.
“Vai ser da cidade em que tivemos o grito do Ipiranga, o grito da independência, que levou 1 milhão de pessoas à praça da Sé para falar chega de ditadura militar, que levou milhares de pessoas à [avenida] Paulista para falar basta do governo do PT. Vai ser daqui da nossa cidade que nós vamos eleger Geraldo Alckmin presidente da República”, discursou.
Até chegar ao Ibirapuera, o trio tucano e mais o candidato a senador Ricardo Tripoli (PSDB) fizeram uma carreata de pé em cima de um jipe.
Além de cometerem infração de trânsito (é proibido transitar de pé em veículo), enfrentaram, entre saudações amistosas, gritos pró-Bolsonaro e gestos em desaprovação.
O senador José Serra (PSDB), que acompanhou Alckmin em Jundiaí, no sábado, afirmou que “a população merece ser respeitada naquilo que pensa e nós é que temos que persuadi-la”.