Ameaça ao jornalismo com prisão de Assange divide profissionais
A divulgação pelo Departamento de Justiça dos EUA, do indiciamento até então confidencial de Julian Assange, do WikiLeaks, iniciou um debate entre jornalistas e advogados americanos via Twitter, sobre a acusação e o quanto ela ameaça a liberdade de imprensa.
O texto afirma, em parte, que Assange "encorajou [a fonte Chelsea] Manning a conseguir mais documentos para ele publicar", comentou o advogado e jornalista Glenn Greenwald, do site Intercept: "Jornalistas fazem isso com fontes constantemente. É a criminalização do jornalismo".
Mas a acusação principal é que ele ajudou a hackear, contrapôs Susan Hennessey, editora do site Lawfare e comentarista da CNN: "As acusações são as velhas e boas acusações da Lei de Fraude e Abuso de Computação [CFAA]. Não há muito aqui que possa causar ansiedade aos jornalistas".
Joseph Cox, do site Motherboard, da Vice, detalhou: "Isso é Assange tentando ajudar a invadir um sistema de computador confidencial. Não é jornalismo. Não é publicar. É uma atividade criminosa em potencial".
Por outro lado, Mathew Ingram, da Columbia Journalism Review, alertou: "Então o Departamento de Justiça diz que Assange ajudou Manning a quebrar uma senha. Questão crucial é o que significa 'ajudar'? Tentar adivinhar uma frase secreta? Isso também reforça como é perigosa a CFAA, por ser tão vaga".
Edward Snowden, ex-agente americano que, como fonte, revelou o escândalo posterior da Agência Nacional de Segurança, foi mais incisivo: "A fraqueza da acusação dos EUA contra Assange é chocante. A alegação de que ele tentou ajudar a decifrar uma senha (e fracassou?) é pública há quase uma década. É o caso que o Departamento de Justiça de Obama se recusou a denunciar, dizendo que ameaçava o jornalismo".
E Trevor Timm, diretor-executivo da organização Freedom of the Press: "A acusação parece bastante frágil. Assange supostamente concordou em ajudar a quebrar uma senha APÓS Manning dar ao WikiLeaks todos os documentos que eles publicaram. O Departamento de Justiça nem está alegando que isso resultou em alguma coisa".
Mais importante, "A seção 'Maneiras e meios de conspiração' [da acusação, reproduzida no tuíte abaixo] é inteiramente composta de condutas regulares de jornalistas".