Análise TEK: Samsung A6 Plus - Olhos que não veem, coração não sente…
A cada nova geração de smartphones, a Samsung procura alinhavar o design dos seus modelos, independentemente da gama, para ter oferta em todos os segmentos que se encaixem nos orçamentos dos seus clientes habituais. A linha Galaxy A é esteticamente muito semelhante aos seus modelos de topo da linha Galaxy S (exceto os os rebordos arredondados dos sistemas Edge), mas com óbvios cortes nas especificações para se encaixar na prateleira de equipamentos de orçamento equivalente à gama média alta.
O Galaxy A6+ oferece um ecrã “infinito” de 6 polegadas com uma resolução Full HD+ (2220x1080) num painel Super AMOLED. A tendência atual é a construção de dispositivos longos, capazes de debitar imagens em formato panorâmico, salientando o seu uso em aplicações multimédia. É de facto um smartphone que pode tornar-se um companheiro inestimável para quem ande em transportes públicos ou parta para férias carregado de séries do Netflix. As cores vivas e vibrantes do ecrã é já uma imagem de marca dos equipamentos da Samsung e este A6+ não é exceção.
De notar o corpo alongado do dispositivo, levando um corte no botão físico Home, com as opções do menu a serem recolocadas no próprio ecrã. Este detalhe torna a área útil do ecrã maior, mas sem evitar o desaparecimento das molduras no topo e em baixo, embora bem mais estreitas que o habitual. Destaque ainda para a construção da tampa traseira em metal substituindo o vidro, tornando-o mais resistente a riscos ou a partir-se em quedas. O material reduz ainda as dedadas de utilização, que embora se notem em sessões prolongadas devido ao suor, desaparecem rapidamente quando seca. O acabamento arredondado nas “esquinas” de um chassis totalmente preto concede-lhe um aspeto premium, semelhante à gama S.
Os botões estão nos lugares familiares para quem consome dispositivos da marca, com o volume do lado esquerdo e o desbloqueamento na direita. Ainda na esquerda estão alocadas duas “gavetas” para cartões: a primeira é para o SIM principal, e a segunda para colocar um microSD e outro cartão para chamadas telefónicas. Em baixo encontra-se a habitual entrada USB Mini para alimentação – seria de esperar que esta versão oferecesse suporte a USB-C - e o jack dos auscultadores. Na parte traseira encontra-se a câmara dupla, um sensor biométrico para impressões digitais e o LED para o flash. De notar que esta área sensível do dispositivo tem uma base em relevo a fazer contorno de proteção, que serve de primeiro ponto de contacto quando pousa o telemóvel.
Pode ainda encontrar uma pequena coluna do lado direito do dispositivo, que fica no topo quando o agarra na horizontal para ver um filme. O volume do som não é muito elevado, mas é claro e definido, sem problemas de distorção mesmo quando está no máximo. Faltava-lhe talvez uma coluna adicional para uma experiência sonora mais envolvente. Claro que para isso servem os auscultadores, que embora debitem um som mais alto, acaba por salientar os agudos, perdendo alguma nitidez. Os “phones” são semelhantes aos que são distribuídos nos diversos modelos, com microfone e botão para atender e desligar chamadas.
Viagem ao centro do smartphone
O equipamento apresenta no seu interior um processador Snapdragon 450 da Qualcomm de oito núcleos a 1.8 GHz e um chip gráfico Adreno 506 capaz de debitar imagens em alta resolução, como já mencionado. Os 3 GB de RAM não permitem grandes exageros, mas servem perfeitamente para navegar entre várias aplicações abertas em simultâneo. Tem também 24 GB de armazenamento interno, o que permite carregá-lo de apps e fotografias antes da necessidade de adicionar um cartão de memória para expandir o espaço livre. O aparelho tem ainda compatibilidade NFC, caso necessite de utilizar aplicações com este sistema de comunicação.
Ao experimentar aplicações mais exigentes, como jogos, neste caso o nosso principal benchmark Playerunknown’s Battleground, correu sem soluços, mas as configurações detetadas do dispositivo trancaram os gráficos ao nível mínimo de detalhe. Os resultados de benchmark obtidos no AnTuTu confirmam as configurações (bem) modestas do dispositivo, obtendo 70.050 pontos, ligeiramente inferiores que os 70.567 do moto G6 da Motorola, um smartphone com características semelhantes ao da Samsung, mas com um custo de menos 100 euros nas lojas. O teste atribui-lhe ainda 35.059 pontos para o processador, 12.132 pontos no chip gráfico e 5.068 na memória. Claramente uma performance mediana, facilmente obtidos em dispositivos mais baratos.
O A6 Plus é alimentado pelo sistema operativo Android 8.0 e oferece uma experiência de navegação rápida e agradável, sobretudo devido à personalização da interface habitual nos dispositivos da Samsung. Os menus são limpos e as transições estão bem otimizadas. Como é habitual, a Samsung oferece um conjunto de aplicações que se destacam, desde o sistema SmartThings para conectar os diversos dispositivos inteligentes pela casa, um navegador de internet, um gravador de voz e o Health para aceder a ferramentas de fitness e bem-estar. A maior parte destas aplicações requer que tenha uma conta gratuita na Samsung, o que dá ainda acesso a uma loja com mais aplicações da fabricante.
A bateria de 3.500 mAh oferece uma autonomia capaz de manter o smartphone “acordado” durante todo o dia perante uma utilização moderada. No entanto, caso fique sem energia o seu carregador não oferece um sistema de carregamento rápido, pelo que necessita estar mais tempo ligado à eletricidade. A tecnologia “fast charge” deveria ser obrigatória em todos os equipamentos, sobretudo num dispositivo cuja principal característica é a câmara fotográfica…
Para fotógrafos menos experientes
A experiência fotográfica sempre foi uma das preocupações da Samsung, procurando oferecer as melhores lentes para os utilizadores conseguirem as melhores fotos. O A6 Plus não é exceção e oferece uma câmara dupla traseira de 16 MP e 5 MP (com obturadores de f/1.7 e 1.9f), e na frente um sensor a debitar uns impressionantes 24 MP (com f/1.9). Claramente um dispositivo para quem adora fotografar selfies ou gravar vlogs, por exemplo, pois as imagens são limpas, bem definidas e coloridas durante o dia, mas também interessantes em locais menos iluminados, como interiores ou ambientes noturnos.
O software da câmara é semelhante a outros dispositivos suportados por Android 8, com opções avançadas caso necessite definir à mão o ISO, o balanceamento dos brancos ou a abertura do diafragma nas opções Pro e ligar o sistema HDR. Pode ainda tomar anotações áudio associados a fotografias ou ativar o Live Focus para que possa centrar toda a nitidez da imagem no objeto em questão e desfocar o fundo, uma funcionalidade habitual em dispositivos com sensor duplo. Se gosta de partilhar fotografias nas redes sociais ou amigos, pode ativar os autocolantes e adicionar orelhas de cão e outros enfeites, tal como faz no SnapChat.
A câmara frontal serve também para efetuar o reconhecimento facial, que durante o nosso teste não teve problemas em desbloquear rapidamente o dispositivo, mesmo em locais pouco iluminados.
Por fim, caso tenha uma conta Samsung, pode aceder às funcionalidades inteligentes do Bixby Vision que identifica os elementos que está a fotografar e fornece informações adicionais, tais como localizações próximas que sejam relevantes, faz associações com imagens semelhantes, lê códigos QR ou traduções de texto.
Se deseja fazer filmagens, ambos os lados do smartphone permite gravar a resoluções de 1080p. As imagens são muito nítidas, mas a ausência de estabilizador na câmara traseira vai tremer as filmagens se não fixar o smartphone num tripé. Problema que não se registou no sensor frontal, claramente, como referido, para salientar a qualidade de capturas selfie.
Fazendo um balanço final do Samsung Galaxy A6+, o smartphone é um misto de sensações. Esteticamente atraente e apetecível, é necessária uma profunda ponderação pelos cerca de 350 euros de investimento num equipamento com hardware que se pode encontrar em outros dispositivos bem mais baratos. Oferece uma excelente autonomia, mas sem suporte a “fast charge”. Nota-se a ausência de uma entrada USB-C para transferências mais rápidas, sobretudo quando o smartphone se destina aos consumidores de multimédia e fotografias. Por outro lado, se procura um equipamento com uma câmara fotográfica de qualidade, o Galaxy A6+ tem um surpreendente sensor frontal, para que as suas selfies se sobressaiam nas redes sociais…