Apoio de centrão a Ciro reflui e deixa tucanos na expectativa
O centrão, grupo formado por DEM, PP, PRB, SD e, agora, também PR, decidiu segurar por mais uma semana a decisão sobre quem apoiará na disputa pela Presidência da República.
O bloco ainda não conseguiu chegar a um consenso sobre formar aliança com Ciro Gomes (PDT-CE) ou Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Por um lado, o grupo pondera que Ciro, nos últimos dias, não conseguiu controlar sua verborragia e a conversa entre economistas ligados ao PDT e ao DEM concluiu a incompatibilidade entre as agendas. Por outro lado, o blocão leva em consideração que o desgaste do PSDB é muito grande e se perde a possibilidade de encerrar a histórica polarização entre tucanos e o PT.
Em nota após reunião na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta quinta-feira (19), o grupo limitou-se a reafirmar a união e de jogar a decisão para a semana que vem. Uma nova reunião deve acontecer na quinta-feira (26).
"O momento é de ponderar, em conjunto, o melhor caminho para o futuro do Brasil. Ciente dessa responsabilidade e do papel que o Centro Democrático vai desempenhar nesta eleição, cada partido vai realizar consultas internas nos próximos dias com o propósito de anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem", afirmou, em nota, o presidente do DEM, ACM Neto, em nome do blocão.
Desde o ingresso do PR, na noite de quarta-feira (18), o apoio a Ciro refluiu e cresceu a probabilidade de o grupo apoiar Geraldo Alckmin, o que aumentou a expectativa de tucanos.
O ex-governador de São Paulo e seus auxiliares na campanha passaram a semana em conversas individuais com integrantes do centrão. Alckmin conversou com Valdemar Costa Neto, que comanda o PR, na segunda-feira (16). Nesta quinta, o tucano cancelou agenda que teria em Minas Gerais e resolveu ficar em São Paulo.
"Torcida total para fechar com o Alckmin", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), ao chegar à residência oficial da Presidência da Câmara. Ao sair, disse que a decisão só sairia na próxima quinta (26). Os partidos têm até 5 de agosto para realizar suas convenções.
Um aliado de Costa Neto negou que o manda-chuva do PR seja pró-Alckmin, mas fez uma série de ponderações contrárias a Ciro Gomes que vão na mesma linha do que PRB e ala do DEM vêm argumentando. Eles citam a verborragia do ex-governador do Ceará e a dificuldade em acreditar que ele cumprirá acordos.
O PRB também apresenta resistência em apoiar Ciro Gomes (PDT-CE) e ameaçava abandonar o barco.
Com o discurso à esquerda do pré-candidato do PDT, a sigla temia perder a inserção que conseguiu no empresariado ao comandar o Ministério da Indústria.
Além disso, havia a preocupação de que a pauta de costumes da esquerda não fosse bem recebida por seu eleitorado evangélico. A legenda é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
A eventual adesão do bloco à candidatura de Alckmin pode aumentar o isolamento de Ciro Gomes. No PSB, há quem defenda a tese de que, caso o apoio do centrão ao tucano se confirme, o partido apoie o PT, movimento que já era defendido pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB-PE).
Maia recebeu na residência oficial da presidência da Câmara, além de Valdemar Costa Neto, Carlos Sampaio e ACM Neto, os presidentes do PRB, Marcos Pereira, do PP, Ciro Nogueira, do SD, Paulinho da Força, do PHS, Marcelo Aro, além dos deputados Aguinaldo Ribeiro (PP), Bebeto (PSB) e Luis Tibé (Avante).
O pré-candidato à Presidência Henrique Meirelles (MDB) esteve rapidamente na casa, mas chegou depois que os outros já haviam saído. Apesar de ter apenas 1%, o emedebista tem insistido nas conversas com atores do centrão.
Seja qual for o escolhido, participantes do encontro afirmam que o candidato a vice na chapa já está decidido. O posto ficará com Josué Alencar (PR), filho de José Alencar, vice-presidente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).