As 7 coisas mais toscas do PF de boteco

1.Os oceanos de arroz

Dizem que os chineses comem muito arroz. Não sei porque nunca estive na China. Sei que, a julgar pelo que é servido nos botecos Brasil adentro, nossos trabalhadores são máquinas de devorar arroz. Vem arroz com a lasanha. Arroz com a berinjela à parmegiana. E não é uma quantidade modesta. Eu, que certamente não sou comedido à mesa, sempre deixo sobrar uns dois terços do arroz que vem no prato.

O que me traz um pensamento aflitivo: o que é feito com as sobras de arroz quando elas chegam de volta à cozinha?

 

2. A direção de arte

A apresentação dos pratos de restaurantes populares (ou simplesmente antiquados) às vezes dá vergonha alheia. A rosa de tomate. A moldura de purê de batata na travessa. Arroz, farofa e maionese compactados em fôrmas individuais de pudim – eu não me incomodo tanto com estes, mas o fotógrafo e botequeiro Nelson Antoine fez um ataque tão enfático que eu resolvi incluir. A alface embaixo do bife merece um verbete só para ela.

 

 

3. A cama de alface

Você só quer um bife. Batatas, talvez. Mas o dono do restaurante acha que você quer sofisticação, glamour e luxo. Para deixar o contra a cavalo mais chique, ele orienta a cozinha a colocar uma folha de alface entre a carne e a baixela de alumínio.

A verdura não serve para decorar – uma folha solitária de alface crespa apenas acrescenta uma nota triste ao conjunto. Tampouco presta para se comer, uma vez que o calor do bife a deixa murcha, cinzenta, macilenta. O jeito é afastar a coitada para o canto da travessa.

 

 

4. O bife-mistério

Pedir bife no boteco é uma atitude ousada quando você não é habitué do mouche-frite. Mesmo o filé mignon pode trazer emoções inesperadas. Quem pede o bife à milanesa –com a carapaça que oculta zonas insondáveis do pedaço de carne– merece uma medalha pela bravura.

Frango é sempre uma opção mais segura. Ou linguiça, que chega pronta da fábrica.

 

7. A salada-bosta

Aquela alface ralada, em tiras oxidadas, queimadas, escurecidas, murchas, mortas. Cenoura igualmente ralada. Tomate verde. Vinagre destilado. O azeite fraudulento (leia abaixo). Quem merece? Troco por mais batata frita em óleo de anteontem.

 

6. O azeite fraudulento

Existe azeite de oliva, existe óleo misto e existem marcas que vendem um pelo outro. Elas custam metade do preço do azeite verdadeiro, e alguns comerciantes fingem que não sabem que aquilo é fraude. Pior: compram azeite de marcas ok, rompem o lacre e preenchem a garrafa com óleo lixento. O sujeito acopla um dosador na garrafa e toca a vida como se estivesse tudo normal.

 

7. O guardanapo que não limpa

 

Aí não é culpa do dono do boteco/restaurante. Guardanapo de papel é uma das coisas mais superfaturadas que existem. Aqueles que vêm no suporte de alumínio servem para enrolar cigarros de vários materiais, mas não para limpar o caldo de uma boa dobradinha.

Agora, existem aqueles botecos que servem um guardanapo, só um, e enrolado nos talheres – evidência de que o guardanapo fora manuseado por sei-lá-que mãos. Só rogando praga para essas criaturas.

 

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