Ator sueco de 'Millenium' faz ligação entre felicidade em seu país e violência na ficção
A primeira impressão é clara. O ator sueco Sverrir Gudnason aparenta menos idade do que seus 40 anos. Mas, na tela, não provoca estranheza como o veterano jornalista investigativo Mikael Blomkvist, papel que já foi do britânico Daniel Craig, dez anos mais velho.
"Talvez no livro a idade do personagem tenha mais relevância, mas no filme eu me preocupei mais com essa decepção que Mikael sente diante do mundo ao seu redor", diz Gudnason à Folha em Estocolmo, no set de "A Garota na Teia de Aranha".
O longa é baseado no quarto livro da série "Millenium", e a participação de Blomkvist é menor do que no filme anterior, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (2011).
"Este aqui é mais voltado para Lisbeth Salander", avalia o ator, referindo-se à hacker que é protagonista da história e interesse amoroso de Blomkvist, interpretada pela inglesa Claire Foy.
"Mas Blomkvist continua sendo a conexão dela com o mundo real, com o dever de combater o que está errado."
O comportamento de Gudnason no set demonstra alguma timidez. "Ainda não me acostumei com a grandiosidade de uma superprodução. Suecos não são exatamente extrovertidos, gostam de sossego, e eu muito mais, porque passei minha infância na Islândia, que é um lugar ainda mais tranquilo."
O sucesso internacional veio no ano passado, interpretando o maior ídolo do esporte sueco, o tenista Bjorn Borg, no bem recebido "Borg vs. McEnroe". "O filme circulou no mundo todo, foi incrível, mas ainda era uma produção modesta. Olha a quantidade de gente neste set, essa frota de caminhões e tanto equipamento! É um ambiente novo para mim."
Gudnason considera ter tido sorte com esse trabalho. "Queria muito participar de um grande filme americano. E este está sendo ótimo para essa iniciação, porque posso interpretar um personagem sueco e gravar as cenas aqui. Então não estranhei tanto. É bom encerrar os dias de filmagem e ir para casa, sem dormir em um hotel."
Os livros "Millennium" têm passagens bem violentas. E isso está se transformando em marca registrada de autores suecos de livros policiais. "É verdade. A Suécia sempre lidera rankings que listam os países mais felizes do mundo. Mas acredito em muitos sentimentos terríveis represados nas pessoas. Ninguém pode ser feliz o tempo todo, não?".