Azul vai mais que duplicar presença em Congonhas após acordo com Avianca
A companhia aérea Azul, terceira maior do país, assinou um acordo não vinculante para ficar com todos os slots da Avianca Brasil nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e cerca de metade deles em Guarulhos (SP), afirmou uma fonte próxima da empresa nesta segunda-feira (11).
O acordo não vinculante, no valor de US$ 105 milhões (R$ 406 milhões), vai elevar os slots da Azul em Congonhas, um dos mais movimentados do país, de 13 para 34, se aprovado por autoridades regulatórias e de defesa da concorrência. Atualmente, Gol e Latam possuem cerca de 130 slots cada uma em Congonhas, disse a fonte.
Por volta de 10h15 desta segunda, as ações da Azul disparavam 5,8% na Bolsa, enquanto os papéis da Gol caíam 1,8%.
O entendimento, que ocorre em meio ao plano de recuperação judicial da Avianca Brasil, envolve no total 70 slots (espaços para pousos e decolagens) nos três aeroportos. Envolve também 30 Airbus A320 que serão alvo de novos contratos de arrendamento pela Azul, afirmou a fonte, que estimou que a o acordo com a rival envolve cerca de 60% das operações da Avianca Brasil.
A aquisição proposta será feita por um mecanismo chamado UPI (Unidade Produtiva Isolada) e o negócio inclui certificado de operador aéreo da Avianca Brasil, quarta maior companhia aérea do país, que até meados de janeiro tinha uma frota de 46 aviões.
A Azul, que enviou comunicado ao mercado sobre a transação, está em período de silêncio, antes da divulgação de seus resultados de 2018, previstos para quinta-feira.
"Destacamos que o acordo é não vinculante e que o processo de aquisição da UPI está sujeito a uma série de condições como a conclusão de um processo de diligência, a aprovação de órgãos reguladores e credores, assim como a conclusão do processo de recuperação judicial. A expectativa é que esse processo dure até três meses", afirmou a Azul no comunicado.
Segundo a fonte, o valor proposto para o negócio "nasce da rentabilidade que a empresa pode ter com a operação". A Azul ficará com o pessoal da Avianca Brasil que já está encarregado pelas operações dos slots alvo da transação, afirmou a fonte.
"São slots que a empresa [Azul] não conseguiria ter sozinha. Sobre o restante da operação da Avianca, se a Azul quiser aumentar ela poderá fazer sozinha fora deste locais", disse a fonte se referindo aos três aeroportos.
A Avianca Brasil pediu recuperação judicial em dezembro e contratou em janeiro a consultoria Galeazzi & Associados para ajudar a encontrar recursos e eventualmente um comprador. Os principais credores da companhia aérea são as empresas de leasing de aviões Aircastle e GE Capital Aviation Services.
Entre o fim de 2016 e setembro de 2018, os passivos da Avianca Brasil para firmas de leasing quintuplicaram para R$ 415 milhões, de acordo com as demonstrações financeiras da empresa.
Em dezembro, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, havia comentado que a empresa não tinha até então nenhum plano para uma oferta pela Avianca Brasil.