Batman comemora 80 anos consolidado como o mais sombrio dos heróis
Difícil encontrar a data certa para soprar as 80 velinhas no bolo do herói mais atormentado e sombrio dos gibis. Fãs comemoram nos Estados Unidos nesta quarta (1º) seu Batman Day. A editora do herói, DC Comics, tem sua própria data para celebrar, uma festa comercial que muda a cada ano. Em 2019, será em 21 de setembro.
Então são dois dias, mas, no caso do Homem-Morcego, talvez o melhor fosse celebrar uma Batman Night.
O vigilante mascarado de Gotham City nasceu para a perseguição noturna de malfeitores. O desenhista Bob Kane e o roteirista Bill Finger criaram sua primeira aventura para a revista Detective Comics número 27, e dessa publicação vem a comemoração nesta quarta.
Na capa do gibi, a data impressa é "maio, 1939", tornando este o mês oficial de estreia de Batman. Mas, na verdade, essa inscrição indica o mês de recolhimento dos gibis nas bancas. No lento processo de distribuição da época, exemplares foram colocados à venda desde o final de março, quando então os fãs de primeira hora conheceram o herói.
Batman, que de dia é o bilionário Bruce Wayne, foi sucesso imediato, na cola do Super-Homem, criado em 1938 pela mesma editora. A disputa de popularidade com o super-herói vindo de Krypton se estenderia por oito décadas.
Super-Homem é feito para brilhar. Cruza o céu azul com roupa colorida e usa seus poderes para prender bandidos e dar a eles lições de moral. Sua missão é inspirar jovens e crianças. Já Batman habita a escuridão. Seu céu é negro, sua roupa se mistura com as sombras da noite e ele gosta de socar bandidos, sem a preocupação de não machucar. Sua missão é incutir o medo.
As histórias iniciais tinham influência do romance policial noir. Batman é, em sua raiz, um detetive. Não tem superpoderes, não voa. Seus recursos são o cérebro afiado e os equipamentos que desenvolve com os bilhões que Bruce Wayne herdou do pai assassinado por um ladrão.
Uma das melhores piadas do recente filme da Liga da Justiça é a resposta de Batman quando Flash pergunta qual é o seu superpoder. "Eu sou rico!"
Foi nos anos 1950 que a Liga começou a dar liga, primeiro nas histórias compartilhadas por Batman e Super-Homem. Com a chegada de Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Flash e Ajax, o time ficou imbatível. Batman sempre foi, nessa turma, um herói entre super-heróis. Sem poderes fabulosos, buscou espaço como o mentor intelectual do grupo.
Para surpresa dos produtores, um seriado de televisão bem diferente do personagem teve três temporadas, entre 1966 e 1968, até hoje reprisadas no mundo todo.
A adaptação tinha muito humor e, visando o público infantil, nenhum tiro era disparado, nenhum personagem morria. Batman e Robin enfrentavam bandidos com socos e pontapés. Nas piadas, a maior vítima era o próprio Batman, interpretado pelo barrigudo Adam West.
O personagem só reencontraria a escuridão em 1986, quando Frank Miller criou a minissérie de HQ "O Cavaleiro das Trevas". Num traço inovador e pouco comportado, Miller resgatou um Batman de 55 anos que volta da aposentadoria para limpar uma Gotham City corrompida e, de quebra, trocar sopapos com o Super-Homem.
Em 1989, Batman foi para as superproduções do cinema, mas fãs detestaram a escolha de Tim Burton, que dirigiu os dois primeiros filmes escalando o nada atlético Michael Keaton.
Nos anos 1990, Val Kilmer e George Clooney também não agradaram. Só em 2005 apareceu Christian Bale para ser aprovado pelos seguidores do herói na trilogia "Cavaleiro das Trevas".
Nesta década, Ben Affleck interpretou Batman em três filmes. Criticado, não quer seguir em "The Batman", programado para 2021. Boatos dão conta que a DC pode anunciar ainda nesta semana o ator que herdará o manto do morcego.