Biometria não afeta Guarulhos, segundo maior colégio eleitoral de SP
Guarulhos (SP) "Isso aqui está que nem o Brasil. Parado", reclamou Marcelo Carneiro de Abreu, 36, após 15 minutos de fila na seção em que votaria neste domingo (7), em Guarulhos (Grande São Paulo).
Dentro da sala, uma senhora ia e voltava da urna eletrônica. Tinha esquecido os números de seus candidatos e se recusava a sair da sala sem votar. "Chegou na hora e deu branco. E eu não trouxe nada [lista dos candidatos]", afirmou depois a aposentada Luzinete Freitas da Silva, 73.
Segundo maior colégio eleitoral do estado, atrás apenas da capital, Guarulhos teve o cadastramento biométrico obrigatório para essas eleições. Dos 814.342 eleitores do município, apenas 652 não fizeram o cadastro, de acordo com a Justiça Eleitoral —percentual de 99,92% de cadastrados.
Quem não fez o cadastro teve o título de eleitor cancelado. Foi o caso de Gelson Alecsandro Grandão, 37. Ele compareceu a sua seção no bairro de Bonsucesso para saber se conseguiria votar, mas seu nome não estava na lista e ele foi impedido.
O fiscal o orientou a comparecer em um cartório eleitoral a partir de 5 de novembro para regularizar a situação. "Não fui [cadastrar a digital no prazo] porque não quis, estava com preguiça", afirma Gelson.
Para quem tem a biometria, a votação correu bem. Enquanto em outras partes do país a adaptação ocasionou lentidão, nas zonas eleitorais guarulhenses apenas ocorrências como a de dona Luzinete é que causaram atrasos. "É mais rápido", disse o motorista José Marcos Ferreira, 55. "E na questão da segurança ajuda a não ter fraude."
No CEU Pimentas, a cuidadora Josefa Maria da Silva, 60, fez questão de chegar cedo para evitar filas. Na porta do CEU desde as 7h30, ela disse ter feito o cadastramento há mais de um ano. "Fui mudar o meu título e estavam começando [a registrar as digitais]. Acho que vai ser mais rápido, o que vai demorar neste ano é que são vários candidatos"—o eleitor vota para seis cargos no primeiro turno.
Na hora de aplicar o dedo indicador na máquina, no entanto, não houve reconhecimento da digital. Ainda assim, Josefa votou. Como tinha feito o cadastro, seu nome constava na lista da seção e ela apenas assinou, como é nos municípios onde a biometria ainda não é exigida, caso de São Paulo.
O motorista Ferreira votou ainda com outra inovação, o e-título, versão eletrônica do título de eleitor. "É só baixar o aplicativo, é mais prático", afirmou, mostrando o documento na tela do celular.
Santinhos
Em bairros populosos, como Pimentas e Bonsucesso, mal se consegue enxergar o chão nas calçadas das escolas onde ocorrem as votações, tamanho o volume de panfletos.
"Quando chover mais tarde vai ficar pior", disse um homem ao passar em cima de uma boca de lobo e entrar em uma viela forrada dos papeizinhos de candidatos próxima à Escola Estadual Félix Porto, em Pimentas.
Na calçada de outra escola, em Bonsucesso, a situação é semelhante. "Vai ter que recolher tudo isso e pagar multa", diz uma mulher, como se falasse com os candidatos das centenas de folhetos.
A legislação eleitoral proíbe a distribuição de panfletos apenas no dia da eleição. A reportagem no entanto não presenciou distribuição —nem fiscalização— na porta das escolas.
Por volta das 10h começou a garoar no município, mas sem volume para levar os sorrisos plásticos estampados nos santinhos aos bueiros, o que pioraria o problema do lixo eleitoral na região.