Bolsonaro confirma que irá ao Texas para receber homenagem
Depois de ter anunciado no fim da semana passada que não viajaria mais a Nova York para receber o prêmio de Pessoa do Ano, o presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira (8) que deve ir a Dallas, no Texas, na próxima semana para a condecoração.
"Estamos ultimando a feitura dessa ida aos EUA, possivelmente Dallas. Estamos em contato com [ex-presidente George W.] Bush, com [o senador Republicano] Ted Cruz, entre outros que gostariam de me ver presente em seu estado. Uma viagem de um chefe de Estado não pode ser marcada de uma hora para outra. Estamos tentando acertar para quinta e sexta da semana que vem", afirmou.
Questionado sobre os motivos da mudança de decisão, Bolsonaro disse que ele foi alvo de críticas de alguém que quer ser candidato a presidente dos EUA, em menção ao prefeito de Nova York, o democrata Bill De Blasio, e o atacou dizendo que ele "queimou cartuchos" para concorrer ao cargo.
"Esse cidadão [De Blasio] pela informação que temos ele quer enfrentar as prévias para concorrer pelos democratas e enfrentar os republicanos, possivelmente [o presidente Donald] Trump. Que tipo de relacionamento ele vai ter se porventura ele for eleito com um país cujo chefe de Estado tem demonstrado respeito e quer se aproximar da primeira economia do mundo? Acho que esse cidadão aí queimou os cartuchos se queimou completamente na sua corrida para enfrentar as prévias", afirmou.
"Uma coisa é enfrentar uma manifestação normal. outra é uma patrocinada pelo prefeito. o prefeito é o dono da casa. você enfrentar uma manifestação dele e ele insuflando a população para atirar o que tiver nas mãos contra a minha pessoa entre outras", afirmou.
O presidente disse ainda que decidiu aceitar receber a premiação em outro local por ser "um incômodo" para De Blasio, mas não " para o Trump e para o povo americano".
Na última sexta-feira (3), após pressão de políticos e ativistas americanos, a Presidência anunciou por meio de nota que Bolsonaro não viajaria mais a Nova York para ser homenageado em um jantar de gala marcado para o dia 14 de maio, no hotel Marriott Maquis, na Times Square.
A decisão, porém, dividiu o governo. Enquanto há um grupo —formado principalmente por militares do primeiro escalão— que defendia que Bolsonaro não fosse aos EUA, a ala ideológica, liderada pelo chanceler Ernesto Araújo, buscou opções, como Dallas, para que o presidente não deixasse de receber o prêmio.
Há ainda quem defendesse a ideia de que Bolsonaro deveria manter a ida a Nova York e enfrentar possíveis protestos contra ele na cidade.
No domingo (5), o presidente disse a jornalistas: "Vou aos EUA", ao ser questionado sobre polêmicas que envolvem o evento em sua homenagem.
De Blasio foi um dos principais articuladores da pressão contra Bolsonaro. Após o anúncio da desistência do presidente em viajar aos EUA, Blasio chamou o brasileiro de "valentão" e disse que "seu ódio não é bem-vindo aqui".
"Bolsonaro aprendeu do jeito difícil que nova-iorquinos não fecham os olhos para a opressão. Nós expulsamos sua intolerância. Ele correu. Não fiquei surpreso, valentões geralmente não aguentam um soco", escreveu Blasio em uma rede social.
O prefeito de Dallas, Mike Rwalings, também é do Partido Democrata, mas o estado do Texas é tradicionalmente conservador. O senador republicano Ted Cruz já recebeu a visita de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e uma espécie de chanceler informal do governo.
O cancelamento irritou aliados do presidente nos EUA, que estavam convidados para uma série de compromissos com presença prevista de Bolsonaro e seus principais ministros.
Auxiliares de Bolsonaro atribuem à ala militar do governo e à atuação de executivos da Câmara de Comércio Brasil-EUA o cancelamento da viagem do presidente.
Pessoas próximas às negociações para a viagem dizem que, se confirmada, a comitiva presidencial deve ser bastante reduzida em relação ao que era previsto inicialmente, quando Bolsonaro pretendia ir a Nova York e Miami.