Bolsonaro reitera criação de colégio militar no Campo de Marte, em SP

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reiterou nesta quinta-feira (2) a promessa de que São Paulo terá um colégio militar. A instituição de ensino militar será no Campo de Marte.

Em homenagem ao Exército em São Paulo no mês passado, o presidente já tinha feito um aceno ao prefeito Bruno Covas (PSDB) nessa direção, pedindo também a ajuda de empresários para a instalação do colégio militar na área.

No terreno do Campo de Marte, situado na zona norte paulistana, há um aeroporto que opera voos de aviões particulares e jatos executivos. O município, que divide o terreno com o governo federal, anunciou acordo em 2017 para a criação de um parque na área.

Bolsonaro, que deu a declaração em pronunciamento por vídeo em rede social na noite desta quinta, não avançou sobre a questão da criação do parque ou da desativação do aeroporto.

"Na passagem em São Paulo demos mais um passo na criação do maior colégio militar do Brasil, lá no Campo de Marte. Mais de 5 hectares [50 mil m² —o Campo de Marte tem 2,1 km²]", afirmou o presidente, sem detalhar qual o passo dado. "Vamos fazer com ajuda do empresariado local", prosseguiu.

"Em se fazendo o prédio, vamos abrigar com gente nossa, à luz da legislação atual, professores em grande parte militares para que esse colégio militar funcione no coração de São Paulo", disse o presidente. 

O plano de ter um colégio militar na capital paulista consta do projeto de governo de Bolsonaro de forma sucinta: "Teremos em dois anos um colégio militar em todas as capitais de Estado."

O país conta atualmente com 13 colégios militares, 11 em capitais de unidades federativas. A portaria do Exército que determina a criação da unidade paulista foi assinada ainda em 2018 em 8 de outubro —um dia após o primeiro turno das eleições— pelo à época comandante Eduardo Villas Bôas. 

Em março, o chefe do Comando Militar do Sudeste, general Paulo Alipio Valença, visitou o Campo de Marte para reconhecimento da área onde será construído o colégio. Segundo o Exército, o colégio será um convênio com a FAB (Força Aérea Brasileira) e o governo do Estado de São Paulo. Foi o hoje governador João Doria (PSDB) quem costurou o acordo com o governo federal para a criação de um parque na área (leia mais abaixo).

Em sua transmissão nesta quinta, Bolsonaro aproveitou ainda a presença do empresário catarinense Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, para fazer lobby pela construção de um colégio militar também em Santa Catarina. O presidente está em Camboriú (SC) para participar de congresso evangélico.

"Aqui em Santa Catarina, preferencialmente na capital, estamos dispostos, em havendo um terreno, podemos iniciar a negociação para fazer também um colégio militar. Tenho certeza que a construção terá o apoio por parte dos empresários locais, porque só com educação nós tiramos o Brasil do buraco em que se encontra", afirmou Bolsonaro.

CAMPO DE MARTE 

Em agosto de 2017, o então prefeito de São Paulo João Doria oficializou acordo com a União para transformar parte do terreno do Campo de Marte em um parque municipal, e outra área em um museu aeroespacial.

À época, Doria disse se tratar de um primeiro movimento, que não afetaria as operações do aeroporto. Ele então acrescentou que, em um segundo momento, seria desativada a pista de aviação do local. A última fase seria a retirada dos hangares (estacionamentos de aeronaves).

No entanto, ainda não havia acordo com a Infraero, que detém 46% do terreno total. Associações de aviação são contra a desativação, e alegam que não há alternativas para suprir a demanda existente de voos.

Doria, hoje governador do estado, já declarou que outros aeroportos poderiam absorver esses voos. "Há aeroportos funcionais em operação e novos que serão implantados no entorno da região metropolitana de São Paulo. Mas já há Jundiaí, Sorocaba. Não há nenhum problema para acomodação da aviação geral. Apenas a brigada Águia continuará ali, por ter função estratégica", disse, em 2017.

O acordo de Doria com o então presidente Michel Temer (MDB) colocou fim a 60 anos de disputa entre prefeitura e União. O espaço é administrado pela Aeronáutica e pela Infraero, ambas ligadas ao Ministério da Defesa, que briga desde 1958 na Justiça com o município pela terra.

 

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