Brasil prepara primeiro cálculo de 'pegada hídrica' na produção de jeans
Considerado um dos maiores produtores de denim do mundo com uma receita de quase R$ 8 bilhões por ano, o Brasil terá seu próprio cálculo de “pegada hídrica”, termo usado para definir quantos litros de água são necessários para a produção de um par de calças.
Em parceria com o Movimento Ecoera, da consultora Chiara Gadaleta, a Vicunha Têxtil lançará nesta quarta-feira (7) o projeto, que levará cerca de seis meses para ser concluído e entregue a associações e membros da cadeia produtiva nacional.
Acredita-se que a consultoria H2O Company e a ONG Iniciativa Verde, à frente da execução, devem chegar a uma medida diferente dos 11 mil litros por peça calculados pela grife americana Levi’s. Hoje, esse dado baseia estudos sobre o impacto ambiental da produção de jeans.
Como a maior parte do algodão nacional receber o selo BCI (iniciativa para um algodão melhor, na sigla em inglês), que certifica o plantio e a colheita ética da matéria-prima, e pelo fato de a maioria das fábricas nacionais adotarem o reúso de água em sua produção, é possível que seja provado que o país detém uma das produções mais sustentáveis do planeta.
“Queremos legitimar as ações que estão sendo feitas para mitigar o impacto ambiental, mas também identificar qual parte do processo de confecção é mais nocivo. Atualmente, não temos nenhuma referência para direcionar esforços em busca de eficiência”, explica Claudio Bicudo, da H2O.
O estudo dividirá os recursos hídricos em três tipos, a água verde, proveniente da chuva, a água azul, a que é retirada dos lençóis freáticos para irrigação, e a água cinza, devolvida ao meio ambiente após tratamento. Ao mensurar o impacto de cada uma na cadeia a equipe chegará a um valor estimado.
Segundo os gestores do projeto, ainda serão analisados os métodos das lavanderias, responsáveis por boa parte do consumo de água na produção do jeans. Uma calça básica, com lavagem padrão, deverá servir de base para essa fase do estudo.
Para a diretora do Movimento Ecoera, Chiara Gadaleta, iniciativas modernas como a do tratamento de efluentes e o uso de laser para lavagem são iniciativas que podem mitigar o impacto da produção nacional de índigo, mas, para o Brasil, o primeiro passo ainda é “saber se existe a medição do uso da água atrelado às metas de redução das empresas”.
“Só depois dessa análise poderemos criar projetos consistentes de compensação socioambiental dessa indústria”, diz Gadaleta.