Brasil é social-democracia presa em corpo de emergente, diz economista
O governo brasileiro é uma social-democracia europeia presa num corpo de uma economia emergente, afirmou nesta terça-feira (25), o economista e colunista da Folha Alexandre Schwartsman, em seminário organizado pelo CDPP (Centro de Debates de Políticas Públicas).
Estudo apresentado pelo ex-diretor do Banco Central aponta que os gastos do governo brasileiro representavam 47% do PIB (Produto Interno Público) ao fim de 2017, colocando-o ao lado de países como França, Finlândia e Bélgica.
Mas a contrapartida a isso —consistente melhora da desigualdade social e serviços públicos de boa qualidade — estaria longe desses países europeus.
Segundo Schwartsman, as despesas primárias, que excluem o pagamento de juros, correspondiam a 38% do PIB em 2017, sendo que metade disso correspondia a gastos com os chamados benefícios sociais — que incluem, dentre outros, aposentadorias e pensões, seguro-desemprego, auxílio-doença e o Bolsa família.
Ao decompor o gasto em cada um desses itens, no entanto, Schwartsman ressaltou que 52,9% dos gastos feitos em aposentadorias e pensões, por exemplo, são direcionados para pessoas que ganham acima de cinco salários mínimos.
Diferentemente do Bolsa Família, cujos gastos se concentram nas famílias mais pobres. Na rubrica, menos de 5% dos recursos são destinados para quem ganha mais de cinco mínimos.
O economista lembrou ainda que, enquanto a trajetória dos gastos se mostrou crescente entre 2014 e 2017, os investimentos caíram de R$ 166 bilhões para R$ 77 bilhões ou de cerca de 2,7% do PIB para 1,2% do PIB.
Para Schwartsman, a fotografia é preocupante porque mostra que o país gasta como uma economia europeia, mas tem mantido altos níveis de desigualdade. O que de certa forma explicaria a demanda por mais serviços públicos mesmo diante de gastos tão altos, disse o economista.