Buchecha lança single com MC Kekel e diz não querer cantar funk com mulheres nuas e bebidas
São Paulo
O cantor Buchecha, 43, lança nesta terça-feira (22) o clipe do single “Pague para Ver”, que gravou com o MC Kekel, 22.
A faixa traz as principais características do trabalho do cantor, letra sobre conquista, ritmo dançante e, claro, o “tchururururu” —sua marca registrada desde os anos 1990 quando alçou à fama ao lado de Claudinho (1975-2002).
Buchecha contou ao F5 que o dueto foi um pedido seu já que se identificou de cara com a letra de “Pague para Ver”. Já MC Kekel, diz ele, aproveitou a chance de trabalhar com uma de suas referências do funk. “Ele me viu pela primeira vez e falou: ‘caraca, não acredito’. Ele me deu um abraço de fã mesmo, tão carinhoso.”
Segundo Buchecha, a diferença de idade não trouxe problemas. “São duas vozes que se assemelham na forma de cantar. [...] Não senti impacto.”
O cantor diz ainda que transita bem entre as diferentes gerações de seu público. Os mais velhos conheceram seus hits com Claudinho, como “Quero Te Encontrar” e “Só Love”, ainda nos anos 1990 e 2000. Os mais novos reconhecem sua voz principalmente de “Fico Assim Sem Você”, lançada em 2002 e até hoje um clássico das apresentações de Dia dos Pais nas escolas, segundo o próprio Buchecha.
O artista tem ainda as faixas da carreira solo que emplacou na televisão, como “Hot Dog” na novela “Avenida Brasil”, exibida em 2012 pela Globo, e no cinema, com “Vem Cá Fazer Um Love” do “Vai que Cola – O Filme”, lançado em 2015. “Isso vai renovando meu público”, diz.
Todos eles têm em comum o funk melódico, longe do pancadão ostentação que ganhou fôlego nos últimos anos. “É padrão Buchecha, mais romântico, mais lúdico, mais família”, explica o cantor.
No clipe de “Pague pra Ver”, “não tem nada de mulher pelada e bebida”. Nada contra, diz Buchecha, que afirma apenas não seguir o padrão dos clipes de funk ostentação.
"Procuro viver sem criticar as pessoas, ficar sem repúdio. Cada um levanta sua bandeira.”
Já o timbre e o vocabulário mudaram desde os tempos da dupla com Claudinho. “Eu cantava numa timbragem mais grave antes porque o Claudinho não tinha tanto alcance nos agudos. Eu me adequei à timbragem dele. Depois da carreira solo, fui alterando até achar uma região mais confortável para mim.”
Houve também uma adaptação das gírias em suas letras: gata virou novinha e só love virou crush. “A forma dos jovens se comunicarem mudou e fui tentando me adaptar a isso. Mas ‘tchururururu’ se manteve, não pode ficar sem”, se diverte.
CONVITES PARA PARCERIAS VÊM PELAS REDES SOCIAISEm seus 15 anos de carreira e cinco álbuns, Buchecha já fez parcerias com grandes nomes da música nacional, como Lulu Santos, Herbert Vianna, Rogério Flausino, Adriana Calcanhoto, Paula Toller e Arnaldo Antunes.
Em sua fase mais recente, cantou com MC Menor e Daya. Agora, conta, os convites vêm por seu perfil nas redes sociais. “Recebo muitas propostas e tenho que adiar algumas. Tem quem entre no meu Instagram pedindo parcerias e digo: ‘vamos deixar pra depois’”, afirma Buchecha.
Os duetos que efetivamente se concretizam são aqueles que passam não apenas por seu crivo, mas também de seu empresário e da gravadora. “Não posso decidir sozinho.”
Um critério, contudo, é claro: ele não canta nenhuma letra que considere ser agressiva às mulheres. “Não cantaria nada muito chulo. Amo a mulher como um todo, não só o corpo. É uma obra de Deus”, afirma.
Sobre o dueto que deu origem a tudo, com o cantor Claudinho, Buchecha diz ainda sentir muita falta mesmo 16 anos após a morte do companheiro em um acidente de carro durante a turnê de lançamento do sexto disco da dupla.
“Claro que a dor da perda já superei, mas a dor da saudade nunca vai ser superada, não tem como. Eu nunca vou me esquecer dele. Os fãs sempre se lembram e os lugares onde faço shows me fazem lembrar dele.”
PRINCÍPIO DE INFARTO LEVOU CANTOR A MUDAR SEUS HÁBITOSO princípio de infarto que levou Buchecha a ser internado em julho do ano passado levou o cantor a uma mudança no estilo de vida.
Os médicos alertaram que ele deveria se alimentar melhor, dormir mais e fazer exercícios. Trocou o cardápio diário de feijoada, rabada e angu a baiana por frango, salada e quinoa e voltou a praticar boxe e jiu jitsu.
“Já dormir melhor é complicado com a agenda de shows, mas tento ir para a cama às 2h, em vez de às 4h. Todo artista compõe de madrugada, produz muito nesse horário. Tive que entender que isso não dá mais para mim”, afirma Buchecha, acrescentando que hoje sente mais energia.