Carrasco do Palmeiras superou perda da mãe e a homenageia com gols
Sempre que marca um gol com a camisa do Boca Juniors (ARG), Darío Benedetto manda um beijo para os céus. Como na quarta-feira (24), logo após os dois que anotou para dar a vitória aos argentinos sobre o Palmeiras em La Bombonera.
A dedicatória tem um forte significado. Alicia, sua mãe, faleceu quando Benedetto tinha 12 anos de idade. Ela assistia a um jogo do filho em um domingo à tarde e passou mal. No caminho para o hospital, teve parada cardiorrespiratória e morreu, aos 40 anos.
O episódio mexeu muito com o jovem, que decidiu que abandonaria o sonho de ser jogador de futebol.
Benedetto só foi retornar aos gramados quatro anos depois, incentivado por um tio e pelo avô materno, fanáticos por bola. Assim como Alicia, de quem o atacante afirma ter herdado não só a paixão pelo jogo, mas também a forma de jogar.
"Ela disputava campeonatos femininos quando tinha 25, 30 anos, e me disseram que jogava muito bem. Acredito que herdei isso dela e de meu avô, que também dizem que jogava muito. Jogo futebol igual à minha mãe", disse Benedetto, em entrevista ao diário argentino Página 12.
O atleta começou a vislumbrar uma carreira quando foi aceito em um teste no Arsenal de Sarandí (ARG). Com algum tempo na base do clube, deixou os estudos e colocou todas as fichas na possibilidade de se tornar jogador. "Eu ia muito mal na escola", diz.
Foi trabalhar com o pai, pedreiro, conciliando o serviço com os treinos no Arsenal.
Em novembro de 2008, fez sua estreia pela equipe principal. Derrota por 1 a 0 para o Boca, seu clube de coração, gol de falta do ídolo Juan Román Riquelme.
"No campo, olhava para os companheiros, mas também para a torcida do Boca, para Riquelme, para [Rolando] Schiavi e Clemente Rodríguez. Passei de vê-los na TV a tê-los como adversários", lembra.
Com a camisa do Arsenal, após empréstimos para equipes das divisões de acesso, Benedetto conquistou um título nacional, uma Copa Argentina e uma Supercopa. Chamou a atenção do futebol mexicano e foi jogar no Tijuana (MEX).
Seu melhor momento no México, porém, foi defendendo o América (MEX), clube de maior torcida no país. No time, conquistou duas Ligas dos Campeões da Concacaf e pôde disputar o Mundial de Clubes.
O América marcou sua última parada antes de jogar pelo clube que sempre amou. Na temporada 2016/2017, foi o goleador do Argentino com 21 gols, decisivo para ajudar o Boca a levantar a taça. Em novembro do ano passado, sofreu grave lesão no joelho direito e só retornou aos gramados em setembro deste ano.
No dia 2 do mês passado, voltou a pisar no gramado da Bombonera e recebeu grande ovação. Assim como ao término do duelo com o Palmeiras, no qual voltou a marcar um gol depois de 339 dias.
"Nas coisas boas e nas más, sempre lembro da minha mãe. Acho que ela está muito feliz."