Carro atingido por 83 tiros | Procuradoria denuncia doze militares por morte de músico e catador no RJ

O Ministério Público Militar denunciou hoje 12 militares por terem atirado contra o carro do músico Evaldo Rosa dos Santos e causado a morte dele em 7 de abril deste ano, em Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro. A denúncia também inclui a morte do catador de papel Luciano Macedo, que foi atingido ao tentar ajudar as vítimas, e fala em "atentado contra a vida" do padrasto da mulher de Evaldo, Sérgio Gonçalves de Araújo, que também estava no veículo e foi atingido, mas sobreviveu.

Se a denúncia for recebida pela 1ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar, eles responderão pelos crimes de duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio e omissão de socorro.

Nove dos 12 denunciados já estão presos preventivamente há cerca de um mês. Dos três militares que estão em liberdade, o soldado Leonardo Delfino Costa chegou a ser preso, mas foi liberado por não ter atirado. Porém, ele acabou denunciado hoje pelo MP Militar.

Denunciados presos

Fabio Henrique Souza Braz da Silva, 21, 3º sargentoGabriel Chistian Honorato, 21, soldadoGabriel da Silva de Barros Lins, 21, soldadoItalo da Silva Nunes, 25, 2º tenente temporárioJoão Lucas da Costa Gonçalo, 20, soldadoLeonardo Oliveira de Souza, 24, caboMarlon Conceição da Silva, 21, soldadoMatheus Sant'Anna Claudino, 23, soldadoVitor Borges de Oliveira, 21, soldado

Denunciados que estão em liberdade

Leonardo Delfino Costa, 20, soldadoPaulo Henrique Araújo Leite, 25, caboWilian Patrick Pinto Nascimento, 21, soldado

Além das mortes do músico e do catador de papel, segundo a procuradoria, os militares expuseram a população local a uma situação de perigo e não socorreram imediatamente as vítimas.

Evaldo morreu no local. Luciano ficou gravemente ferido após tentar socorrer Sérgio e morreu após ficar 11 dias hospitalizado. De acordo com a denúncia, o catador de papel só foi socorrido depois da chegada do Corpo de Bombeiros.

O que diz a denúncia

Segundo a denúncia, o grupo de 12 militares descia o viaduto de Deodoro às 14h30, quando foi alertado sobre um roubo logo à frente. Pouco depois, os homens teriam se deparado com um Honda City branco sendo levado e, atravessado na pista, estaria um Ford KA sedã branco, igual ao de Evaldo, de onde saíram três homens.

Depois de render o dono do Honda City, em meio a trocas de tiros com o Exército, os criminosos teriam entrado nos dois carros e começado a fuga. Dois dos disparos teriam atingido Evaldo, que dirigia um Ford KA e, assim, Sergio teria passado a controlar o veículo até parar em frente a um bloco de apartamentos conhecido como Minhocão.

Os outros ocupantes saíram do carro, a fim de pedir ajuda, enquanto o padrasto da mulher de Evaldo ficou no carro com a vítima. "Nesse instante, o catador de recicláveis Luciano Macedo, vestido de bermuda de cor escura e sem camisa, que se encontrava próximo ao local com seu carrinho, foi socorrer o ferido, colocando-se ao lado da porta do motorista", diz o documento.

"Supondo tratar-se dos autores do roubo do Honda City, o tenente Nunes e, na sequência, os demais denunciados deflagraram uma excessiva quantidade de disparos de fuzil e de pistola contra o veículo Ford KA branco e contra Luciano. [...] Ao se aproximar dos veículos estacionados em frente ao Minhocão, Luciano foi alvejado no braço direito e nas costas e caiu ao solo", continua a denúncia.

Morador filmou parte da ação

UOL Notícias

De acordo com levantamento realizado pela Polícia Judiciária Militar, os denunciados dispararam 257 tiros de fuzil e de pistola. Do total, 83 acertaram o carro em que a vítima estava com sua família e 9 atingiram o músico.

Então, Evaldo, que estava desacordado no banco do motorista, foi atingido pelas costas e morreu no local, enquanto Sergio se agachou entre o banco do carona e o painel durante os disparos, atingido de raspão nas costas e no glúteo direito.

Em seu parecer, o subprocurador-geral da Justiça Militar Carlos Frederico de Oliveira Pereira considerou que os militares não descumpriram as regras de conduta, porque "tentavam salvar um civil da prática de um crime de roubo".

Outro lado

Em audiência ontem, a defesa dos militares argumentou ser direito dos nove presos responderem ao processo em liberdade. O advogado Paulo Henrique Pinto de Mello classificou a prisão como "genérica".

"Estamos diante de uma prisão genérica, que foi construída pela mídia. A mídia, o tempo inteiro, colocou os militares como assassinos sem uma apuração dos fatos. A imprensa está usando esse caso para macular as Forças Armadas", declarou Pinto de Mello.

À TV Globo, o advogado afirmou que ainda não foi notificado sobre a denúncia e que preferia não comentar.

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