Categoria só para mulheres quer revelar primeira campeã mundial de F-1
Uma nova categoria internacional de automobilismo para mulheres começará a ser disputada no ano que vem, com o objetivo de encontrar a primeira mulher que conquistará um título da F-1.
A modalidade continua a ser dominada pesadamente pelos homens, não só ao volante mas também nos boxes, nas sedes das equipes, nas oficinas e nos laboratórios. Embora mulheres tenham conquistado algum sucesso nas divisões de ponta da Nascar e da Indy nas duas últimas décadas, a última mulher a pilotar um carro de F-1 em uma prova oficial foi Lella Lombardi, em 1976.
A nova W Series terá entrada livre e seu objetivo é não só promover as mulheres pilotos, mas encaminhar mulheres e meninas a carreiras científicas e de engenharia.
A nova categoria foi proposta por Catherine Bond Muir, advogada esportiva e empresária no setor de finanças. A ideia lhe ocorreu quando estava em licença-maternidade, três anos atrás.
“Muitos esportes nos quais homens e mulheres competem em igualdade de condições também promovem eventos segregados puramente para elevar o número de mulheres participantes”, ela afirmou. “Até agora, o automobilismo era o único esporte em que não havia uma categoria separada para mulheres”.
Bond Muir acrescentou que “uma mulher jamais venceu uma prova de F-1, quanto menos foi campeã mundial da categoria. Nossa missão é mudar isso”.
A W Series estreará em maio do ano que vem, com seis provas de 30 minutos de duração em alguns dos mais famosos circuitos da Europa, a maioria dos quais palco de GPs de F-1 há décadas. Em temporadas futuras, a nova categoria também terá corridas na América do Norte, Ásia e Austrália.
Os carros serão do modelo Tatuus, usado na F-3, categoria preparatória para a F-1. O montante total a ser distribuído em prêmios será de US$ 1,5 milhão, e a campeã receberá US$ 500 mil. Haverá prêmios para as pilotos classificadas até a 18ª posição no campeonato.
A expectativa é de que a categoria conte com 20 pilotos, que serão escolhidas por um processo que envolverá testes na pista, avaliações em simuladores, testes de técnica de engenharia, provas de condicionamento físico e treinamento sobre como lidar com a mídia.
“O número de mulheres disputando campeonatos nas categorias de monoposto é muito baixo, hoje”, disse Bond Muir. “A W Series elevará esse total significativamente em 2019”.
A série conta com o apoio de muitas figuras importantes do automobilismo. O conselho consultivo conta entre seus integrantes com David Coulthard, que venceu 13 GPs em seus 15 anos de carreira na F-1, e Adrian Newey, o mais famoso projetista de monopostos na história do automobilismo britânico, que contribuiu para os títulos mundiais de 20 pilotos, e equipes de F-1 como a Williams, McLaren e Red Bull.
“A fim de ser um piloto de corrida bem sucedido, é preciso talento, determinação, competitividade, coragem e boa forma física, mas não o nível sobre-humano de força que alguns esportes requerem”, disse Coulthard. “E tampouco é preciso ser homem”.
Ele disse que as mulheres pilotos tendem a esbarrar em um “teto de vidro” na F-3, em sua curva de aprendizado, muitas vezes como resultado de falta de patrocínio e não de falta de talento.
Stéphane Kox, 24, mulher que atualmente pilota na GT4 European Series, considera a W Series como um ponto de partida de valor inestimável.
“A W Series aparentemente vai ser uma adição realmente positiva ao cenário do automobilismo mundial, e claramente será uma grande ajuda para as mulheres que têm ambições sérias no automobilismo em toda parte”, ela disse.
“Tendo conversado com a organização da W Series, ficou claro que eles compreendem que nós mulheres aspiramos a correr. Falando em meu nome pessoal, quero chegar ao patamar mais elevado que puder como piloto, e quero poder competir contra os melhores pilotos, homens e mulheres”.
“Para que isso se torne possível, é importante que primeiro conquistemos o tipo de experiência que a nova série providenciará”, ela disse.
Courtney Crone, 17, americana que conquistou um título na Formula Car Challenge Series este ano, disse que “para obter sucesso nas corridas é preciso talento natural, mas também a oportunidade de aprender. A W Series dará às jovens pilotos essa oportunidade”.
Kevin Magnussen, 26, piloto dinamarquês da equipe Haas de F-1, afirmou que acompanharia com atenção a W Series.
“Quando eu pilotava karts, na infância, algumas de minhas adversárias eram meninas talentosas e rápidas”, ele disse. “Mas não havia muitas delas. Muito mais meninos pilotam karts do que meninas; isso é fato. Por isso recebo positivamente a W Series e espero que ela ajude as automobilistas a levar adiante suas carreiras”.
Tradução de Paulo Migliacci