Centrão começa a se dividir em relação a presidenciáveis
O grupo de cinco legendas que surgiu como o todo-poderoso da eleição começa a dar sinais de rachadura a 15 dias do prazo para início das convenções partidárias.
Formado por DEM, PP, SD, PRB e PSC, o centrão está perdendo musculatura. O PSC já não participa das reuniões que se tornaram rotineiras e o PRB pode pular do barco nesta semana, após consulta a seus integrantes.
Além disso, a pressão do bloco para atrair o PR e seus 45 segundos no horário eleitoral no rádio e TV não surtiu efeito até o momento e o partido está cada vez mais próximo da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
O centrão surgiu em 2016 como um grupo informal e fisiológico de 13 partidos (PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, SD, PHS, Pros, PSL, PTN, PEN e PT do B) sob o comando do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso.
Àquela época, foi um dos fiadores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, fez oposição a Rodrigo Maia (DEM-RJ) em sua primeira disputa pela presidência da Câmara e pressionou o governo em votações para conseguir cargos na estrutura federal.
Hoje, mais enxuto, o bloco está sob a batuta de Maia, um dos principais nomes do DEM, partido que, em busca de protagonismo fora da polarização entre direita e esquerda, migrou para o chamado centro político.
Uma aliança com o centrão —ou blocão, como seus integrantes preferem dizer— pode ser decisiva para qualquer candidato, já que oferecerá ao menos 98 segundos de tempo de TV em 35 dias de propaganda eleitoral gratuita, dez dias a menos que em 2014.
Mas a oferta já foi maior. Com os cerca de 28 segundos do PRB e 24 segundos do PSC, o grupo oferecia 150 segundos de TV. O PT, sozinho, tem aproximados 95 segundos.
Com a probabilidade cada vez maior de DEM, PP e SD apoiarem Ciro Gomes (PDT), o PRB pode deixar o grupo por ter mais dificuldades em integrar a chapa de um candidato de esquerda.
A conta do DEM é que Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pode até chegar ao segundo turno, mas seria derrotado pelo candidato do PT. Em jantar com caciques do centrão na semana passada, Alckmin saiu sem conseguir convencê-los de sua viabilidade eleitoral.
Pesquisa interna do DEM aponta que a rejeição de Alckmin é de 60% ante 52% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso.
Pela lógica da cúpula do DEM, se apoiar Ciro Gomes, o grupo ajuda a isolar o PT. O candidato do PDT, porém, não é palatável a todos os integrantes do partido de Maia.
O PRB, composto em sua maioria por evangélicos, é defensor de uma pauta conservadora nos costumes, o que diverge da agenda da esquerda.
A sigla também teme perder o trânsito no empresariado que conquistou ao comandar o Ministério da Indústria e não confia no discurso de moderação apresentado por Ciro para atrair o bloco.
O partido se reúne na manhã de quarta-feira (11) para, em seguida, levar um posicionamento ao encontro com o comando dos demais partidos do centrão.
Representantes do PSC não têm mais aparecido nas reuniões, mas dizem que a sigla segue acompanhando as discussões. Um integrante da cúpula do partido diz não haver restrição a Ciro, mas que há uma simpatia maior por Alckmin.