Ciro tenta mostrar flexibilidade em discurso para atrair apoio do centrão
A cúpula do chamado centrão —bloco cujo núcleo duro é formado por DEM, PP, SD e PRB— reuniu-se neste sábado (14) com o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes (CE), para esclarecer divergências ideológicas e discutir cargos como a Vice-Presidência e o comando da Câmara.
Ao longo do fim de semana, também haverá conversas individuais com o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB-SP), outra possibilidade de apoio do grupo.
O blocão, como seus integrantes preferem chamar, quer definir até quinta-feira (19), véspera da abertura do prazo de convenções partidárias, quem vai acompanhar na disputa pelo Palácio do Planalto.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os presidentes do DEM, ACM Neto, do PP, Ciro Nogueira, do Solidariedade, Paulinho da Força, e do PRB, Marcos Pereira, reuniram-se em São Paulo na casa do empresário Benjamin Steinbruch, filiado ao PP.
No encontro deste sábado, a conversa com os líderes do centrão também foi mais objetiva ao discutir questões como alianças nos estados, condições de campanha e postos como a presidência da Câmara, cargo que Maia quer ocupar pela terceira vez. Discutiram também possíveis nomes de vice para ambas as chapas.
Integrantes do grupo ponderaram que com Alckmin, a conversa flui mais automaticamente, mas que com Ciro, apesar do discurso sedutor, é preciso esmiuçar pontos de divergência. O pré-candidato, por exemplo, é crítico da reforma trabalhista, aprovada com apoio dos partidos do bloco. Além disso, o estilo verborrágico do ex-governador do Ceará é algo que preocupa os possíveis aliados.
Na primeira reunião do grupo com Ciro, em junho, Ciro já havia tentado desfazer polêmicas. Naquele encontro, o presidenciável sustentou posições que defende publicamente e que são tabu para partidos de viés mais conservador, mas se disse aberto a fazer ajustes no programa de governo.
A seu favor, Ciro tem pesquisa encomendada pelo DEM que aponta rejeição a Alckmin de 60% ante 52% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento indica ainda que o PSDB e seu candidato tem um nível de desgaste considerado irreversível.
Se o candidato apoiado for Ciro Gomes, o PR entrar no grupo e o PSB fechar aliança com o PDT, as possibilidades de vice aventadas na reunião são Márcio Lacerta (PSB), Josué Alencar (PR) e Benjamin Steinbruch (PP).
Se decidirem apoiar Alckmin, os integrantes do grupo consideram para vice Josué Alencar (PR), Mendonça Filho (DEM), Aldo Rebelo (SD) e um nome do Nordeste a ser definido pelo PP.
Antes de se reunirem na quinta-feira para, finalmente, definir o apoio, o grupo se encontra com Valdemar Costa Neto na quarta-feira (18) para saber qual a decisão dele sobre o destino do PR, já que há grande pressão da bancada para que a sigla apoie a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
O encontro aconteceria no início da semana, mas Rodrigo Maia vai ao Chile para não ter que assumir o Palácio do Planalto, pois o presidente Michel Temer estará fora do país em viagem oficial.
Maia, Nogueira e Paulinho defendem apoio a Ciro, enquanto Marcos Pereira e Neto preferem Alckmin e, por isso, ainda querem fazer mais análises antes de bater o martelo.
O grupo insiste na tentativa de atrair o PR, partido que, sozinho tem cerca de 45 segundos de tempo de TV. Os bloco, sem o PR, tem 2 minutos e 11 segundos. Por isso há um grande esforço para trazer o partido de Valdemar Costa Neto. A preferência dele terá grande influência na hora de se bater o martelo sobre que candidato apoiar.
Sozinho, Alckmin tem 1 minuto e 11 segundos de TV. Se confirmada a aliança com PSD, PTB, PV e PPS (1 minuto e 42 segundos), o tucano chega a 2 minutos e 53 segundos. Com o tempo do blocão, pode chegaria a 5 minutos e 4 segundos ou até a 5 minutos e 49 segundos, caso o PR entre na campanha.
Ciro tem hoje, sozinho, 25 segundos. Se fechar aliança com o PSB (45 segundos), vai a 1 minuto e 10 segundos. Com o blocão, vai a 3 minutos e 21 segundos, podendo chegar a 4 minutos e 6 segundos se o PR aderir ao grupo.
O PSC (17 segundos) pode integrar oficialmente o centrão nos próximos dias. O PHS (7 segundos) participou de uma reunião do grupo na quarta-feira (11) e também pode engrossar o bloco que quer crescer para aumentar seu poder de barganha.
A título de comparação, o PT, sozinho, tem 1 minuto e 27 segundos. O MDB tem 1 minuto e 26 segundos.