City é bicampeão com protagonismo de só um de quatro brasileiros
Em uma das disputas mais acirradas da história, na qual Manchester City e Liverpool lutaram cabeça a cabeça por grande parte do campeonato para decidir o campeão, a equipe comandada por Pep Guardiola prevaleceu e faturou o bi da Premier League.
A conquista veio com uma goleada, de virada, por 4 a 1 sobre o Brighton, e de nada adiantou ao Liverpool superar o Wolverhampton por 2 a 0.
A maior parte dos brasileiros do City, entretanto, não será lembrada como protagonista nesse título.
O clube que veste azul-celeste tem quatro no elenco, todos presentes na seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 2018: o goleiro Ederson, o lateral-direito Danilo, o volante Fernandinho e o centroavante Gabriel Jesus – este último titular absoluto de Tite no torneio na Rússia.
Danilo e Jesus fecharam a competição no papel de coadjuvantes, sendo reservas de Walker e de Agüero, respectivamente.
Em nenhum momento os dois, que não tiveram nenhuma lesão grave na temporada, foram suficientemente competitivos para fazer Guardiola pensar em mudar de ideia.
Danilo, que nunca emplacou desde que chegou à Inglaterra, em 2017 (já tinha ido mal antes, no Real Madrid), iniciou apenas 9 das 38 partidas na Premier League; Jesus, menos ainda: 8.
Gabriel Jesus em partida do City contra o Cardiff, no Etihad Stadium, em Manchester; atacante amargou a reserva de Agüero nesta temporada (Oli Scarff – 3.abr.2019/AFP)
O atacante até que foi bem utilizado saindo do banco, já que entrou em outros 21 jogos, porém sua média de minutos acabou sendo baixa (35 por partida, em média), o que o impediu de ter um desempenho melhor – anotou apenas sete gols, ou um terço do que fez Agüero.
Na temporada 2017/2018, quando começou jogando 19 partidas – atuou ao todo em 29, como em 2018/2019 –, Jesus balançou as redes 13 vezes.
Vale ressaltar que, caso tivesse atuado mais tempo, Jesus poderia ter tido mais destaque, já que sua pontaria foi muito boa.
Segundo o site talkSPORT, o atacante foi quem mais finalizou a gol com precisão dentre todos os jogadores da Premier League: 2,2 tentativas certas a cada 90 minutos jogados. Agüero ficou em sexto lugar, com 1,6 finalização no alvo nesse mesmo tempo.
Feita a matemática, Jesus chutou ao todo, na temporada, 25 vezes na direção do gol. Boa mira, todavia, nem sempre significa êxito. Dos chutes ou cabeçadas bem calibrados, só 28% pararam nas redes – os demais, o goleiro defendeu.
O resultado se torna ruim quando a comparação é com Agüero. O argentino teve 44 conclusões no alvo, e em quase metade delas (48%) superou o guarda-metas.
No caso de Fernandinho, que tem o apreço de Guardiola, contusões o atrapalharam na reta final, tanto que, nos últimos três meses, conseguiu ir a campo no Inglês apenas quatro vezes, sendo só duas como titular.
Fernandinho leva a mão ao joelho em Manchester United x Manchester City; volante teve temporada prejudicada por lesões (Phil Noble – 24.abr.2019/Reuters)
A derradeira delas foi no dia 24 de abril, quando deixou o jogo contra o Manchester United no começo do segundo tempo, com lesão no joelho.
Não mais voltou a jogar, e quem aparecerá na foto da formação titular no dia da vitória será o alemão Gundogan, que inclusive fez um dos gols no jogo que renderam o bicampeonato ao City.
Aos 34 anos, Fernandinho tem contrato até a metade do próximo ano, e aventa-se que não será renovado – o tabloide The Sun informou que a ideia de Guardiola é contar com um jogador mais jovem.
Coube, assim, ao único brasuca que não joga na linha honrar em grande estilo as cores verde e amarela.
Ederson tem a vantagem de atuar no time que mais deteve a posse de bola (66,4% em média por duelo, segundo o site WhoScored), pois quem fica mais tempo com o controle da redonda geralmente dá menos chance ao rival de finalizar.
Feita essa ressalva, Ederson, que atuou em todas as 38 partidas, foi vazado apenas 23 vezes (menos que em 2017/2018, quando levou 26 gols em 36 jogos) e fez 58 defesas.
De cada dez bolas que os oponentes chutaram na direção do gol, acima de sete (72%) não entraram.
Na comparação percentual com os demais oito goleiros que atuaram 38 vezes nessa Premier League, ele leva vantagem sobre seis. Só fica atrás do compatriota Alisson, do Liverpool (78% de sucesso nas defesas), e do polonês Fabianski, do West Ham (73%).