Clientes ainda não reduziram negócios, dizem bancos dos EUA
Os clientes dos grandes bancos americanos estão cada vez mais nervosos pelas crescentes tensões comerciais entre EUA e China, mas ainda não reduziram significativamente seus negócios devido a essa incerteza, informaram as instituições nesta sexta-feira (13), ao anunciarem resultados financeiros mistos no segundo trimestre deste ano.
O presidente-executivo do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou que "há consequências imprevisíveis quando se iniciam brigas como esta em vários países".
"É uma preocupação", afirmou à imprensa. Contudo, "ainda não sei se usaria a palavra 'importante'", acrescentou.
O diretor financeiro do Citigroup, John Gerspach, concordou que as preocupações ainda não estão afetando as decisões comerciais.
"Quando você entra neste tipo de retórica, impacta as sensações", admitiu. "Vai desacelerar a tomada de decisões em alguns casos, mas isso ainda não se traduziu em nada que tenhamos visto", garantiu.
Os comentários foram feitos logo depois de os bancos informarem lucros que superam com folga as expectativas de analistas, em contraste com o Wells Fargo, que teve um desempenho pior que o esperado.
Os bancos estão entre as primeiras empresas importantes a relatar seus resultados no segundo trimestre —para o qual se espera uma forte temporada de lucros, graças ao corte de impostos e ao funcionamento da economia americana no auge.
Contudo, uma série de disputas comerciais lançadas pelo presidente Donald Trump contra seus principais parceiros comerciais, inclusive China e União Europeia, se sobrepôs às perspectivas gerais.
O JPMorgan Chase, o maior banco dos Estados Unidos em ativos, anunciou uma alta de 18,3% de seu lucro líquido entre abril e junho.
Os resultados foram melhores do que os esperados pelo mercado, especialmente com uma receita que aumentou 6,5%, a 28,4 bilhões de dólares, um bilhão de dólares acima das previsões médias dos analistas.
Destacaram-se os aumentos nas receitas líquidas devido aos juros, após uma série de aumentos na taxa básica pelo Federal Reserva (Fed, o Banco Central americano) e um aumento dos empréstimos em geral em comparação com o mesmo período do ano anterior, um sinal de fortalecimento das condições econômicas.
Força na Ásia
O Citigroup registrou uma alta de 16% de seu lucro líquido no segundo trimestre, principalmente devido à baixa da pressão fiscal após a reforma que entrou em vigor no início do ano.
O banco registrou uma receita de 18,5 bilhões de dólares (+2%), de acordo com o esperado pelos especialistas.
Gerspach disse que o Citigroup viu um aumento da atividade dentro da Ásia, que poderia se ampliar ainda mais se o enfrentamento entre Estados e China piorar.
"Se houver uma desaceleração do comércio entre China e Estados Unidos, o que estamos vendo é que há um crescimento nos fluxos comerciais em outras partes do mundo", disse, destacando "o corredor da Ásia".
O pior desempenho foi do Wells Fargo, que ainda não conseguiu se reerguer depois do escândalo de contas falsas que veio à tona em 2016, o que provocou diversas multas, investigações do governo e processos legais.
Seu lucro líquido caiu 11,5%, a 5,186 bilhões de dólares.
O Wells Fargo anunciou uma queda nos depósitos e empréstimos em geral. No lado positivo, a empresa registrou alta na receita líquida devido aos juros - o que também indica que o banco se beneficiou das taxas elevadas pelo Fed.
O banco substituiu executivos importantes, renovou algumas políticas de incentivos salariais para melhorar sua gestão e investiu em marketing para destacar as melhorias.
"Durante o segundo trimestre, continuamos transformando o Wells Fargo em uma empresa melhor e mais forte para nossos clientes, membros de equipe e comunidades e acionistas", disse o diretor-executivo do Wells Fargo, Tim Sloan.
As ações do JPMorgan caíram 0,7% na abertura, enquanto as do Citigroup recuaram 1,7%, e as do Wells Fargo, 3%, em Wall Street.