COI supera risco de crise nos grandes eventos olímpicos
O COI (Comitê Olímpico Internacional) ficou pressionado, mas superou a possibilidade de crise que despontava no horizonte para a realização dos seus grandes eventos internacionais. O custo cada vez mais alto para uma cidade abrigar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (de verão e de inverno) vinha afastando possíveis interessadas.
Essa situação, no entanto, teve uma reviravolta, provocando até a falsa sensação de que a economia mundial não comporta crises. O COI acaba de anunciar a intenção manifestada pela Indonésia de concorrer para sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2032.
Nem o terremoto e o tsunami que causaram a morte de cerca de duas mil pessoas na semana passada naquele país, onde milhares de habitantes continuam desaparecidos, impediram o anúncio. Recentemente, a Indonésia promoveu os Jogos Asiáticos. Esse fato talvez tenha servido de motivação para dirigentes esportivos e membros do governo do país manifestarem ao COI o interesse pela sede da Olimpíada.
Os Jogos de 2032 provocam desde já uma corrida instigante pelo direito de abrigá-los, faltando ainda 14 anos para a sua realização. Curiosamente, as Coreias do Norte e do Sul entraram em acordo por uma candidatura conjunta, após encontro entre seus líderes, na busca da reaproximação entre os dois países, que ainda não assinaram a paz depois do conflito armado no início da década de 50.
Com a alta no custo dos Jogos, o seu gigantismo e o risco das cidades ao assumir as responsabilidades pelo evento, o COI buscou novos conceitos para um barateamento. Passou a permitir, por exemplo, a utilização de construções já existentes, evitando novas obras.
Também tomou uma decisão inédita ao permitir num mesmo ato a escolha de duas sedes consecutivas -Paris-2024 e Los Angeles-2028-, evitando que uma delas, a derrotada na primeira disputa, desiludida, perdesse o interesse em nova candidatura. Dessa forma, garantiu duas sedes com poder e prestígio.
Num momento delicado da crise, com poucas candidaturas firmes, definiu Pequim, na China, para a Olimpíada de Inverno-2022, mesmo não sendo aquela cidade pródiga em abundância de neve. No processo de escolha, Oslo, na Noruega, havia desistido, enquanto Almaty, no Cazaquistão, acabou superada no confronto final.
A partir de Tóquio-2020, os cartolas olímpicos esperam que a nova regulamentação, menos exigente, funcione como atrativo. No momento, o COI incentiva para concorrer a anfitriã da Olimpíada de Inverno-2026 as pré-candidaturas da canadense Calgary, da sueca Estocolmo e da dupla italiana Cortina D'Ampezzo-Milão.
O comitê deixou de fora Erzurum, na Turquia. Anteriormente, ocorreram desistências da suíça Sion, da austríaca Graz e da japonesa Sapporo por receio de suas populações, principalmente com as estimativas de gastos.
Nestes dias, Buenos Aires, na Argentina, é palco dos Jogos Olímpicos da Juventude, evento disputado por atletas ainda em processo de formação e desenvolvimento. A próxima edição, daqui a quatro anos, vai acontecer em Dacar, no Senegal, que venceu candidaturas de Botsuana, Nigéria e Tunísia. Será o primeiro evento olímpico a realizar-se na África.
O COI é uma organização não governamental, com a proposta de utilizar o esporte como ferramenta para a paz, o desenvolvimento, a segurança, a saúde, a educação, a igualdade de gênero e na construção de uma sociedade mais inclusiva.
Sustenta-se com a publicidade, venda de artigos relacionados aos Jogos e pela comercialização dos direitos de transmissão das Olimpíadas pelas redes de telecomunicações. É o responsável pelo evento e tem o poder de decisão na escolha da sede. Estimula, com a sua política, a movimentação de somas milionárias, explorando a indústria do espetáculo.