Com mulher no comando, resto da empresa fica mais diverso
Diretorias estatutárias diversificadas fazem com que perspectivas para tomada de decisão sejam mais plurais, afirmam executivas à frente de grandes empresas no Brasil.
Cristina Junqueira, fundadora e vice-presidente do Nubank
A presença de uma mulher na chefia faz com que as outras tenham um exemplo de como é possível trabalhar e crescer em um ambiente corporativo, diz a fundadora do Nubank Cristina Junqueira.
“Eu trabalhei em outros bancos e nunca tive uma diretora mulher, alguém para quem pudesse olhar e ter uma referência. Posso relatar inúmeros episódios, que vão dos cômicos até os inoportunos, que passei por causa disso.”
Um corpo mais diverso de chefes consegue ter perspectivas distintas sobre os problemas da empresa, diz ela. “Uma companhia não precisa de cinco diretores homens brancos que estudaram na mesma universidade, precisa de um.”
Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels
O setor hoteleiro como um todo tem uma presença feminina mais significativa do que em 1999, quando Chieko Aoki começou a rede Blue Tree, diz a fundadora.
“O número de mulheres em cargos de liderança tem crescido mais nos últimos dez anos. Elas entraram primeiro no setor de turismo e, agora, chegam às posições de chefia — são boas profissionais, competitivas e competentes.”
Um equilíbrio maior entre os gêneros nos cargos mais elevados traz uma complementaridade nas decisões estratégicas do grupo, segundo Aoki.
“O negócio de hotéis é, essencialmente, o de cuidar das pessoas, e as mulheres têm boas ideias de como fazer isso.”
Teresa Vernaglia, presidente da BRK Ambiental
A empresa de saneamento BRK Ambiental investiu cerca de R$ 1 bilhão desde o início de 2017, quando foi comprada pela Brookfield e deixou de se chamar Odebrecht Ambiental.
Além de acelerar a expansão, melhorar a imagem e a governança da companhia envolvida na Operação Lava Jato se tornaram as prioridades da nova presidente, Teresa Vernaglia.
A empresa passou também a ter uma preocupação maior com projetos que atendam principalmente mulheres, sobretudo em um setor com alta concentração masculina, segundo a executiva.
“Temos contratos de 35 anos. É uma relação de longo prazo e queremos desenvolver programas também de longo prazo.”
Nadir Moreno, presidente da UPS Brasil
A executiva Nadir Moreno completará 12 anos na presidência da filial brasileira da UPS, empresa logística americana, em maio de 2019.
Em seu comando, 40% da diretoria no Brasil passou a ser ocupada por mulheres.
Há 27 anos na companhia, ela passou por mais de oito cargos e foi responsável por consolidar no Brasil mais de cinco aquisições feitas pela UPS na última década.
“Ser presidente de uma empresa de logística é fazer um MBA na prática”, afirma.
Com exceção de 2015 e 2016, a UPS cresceu dois dígitos ao ano na sua gestão.
“Passei pela crise da Europa e dos Estados Unidos, mas só a do Brasil nos afetou”.
Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil
Cristina Palmaka, presidente da SAP, empresa de software empresarial, assumiu o posto há seis anos para que os produtos globais chegassem ao mercado brasileiro.
Ela apostou na diversidade de seu quadro profissional para garantir transformação dentro da própria empresa.
“Só há benefício na tecnologia se ela partir da diversidade, de raça, de gênero e de diferentes histórias. Se todo mundo vem da mesma escola, não se sai do quadrado”, diz.
Cristina impôs uma prioridade em sua gestão: fazer com a tecnologia deixe de ser um acessório e se torne central na gestão dos clientes.
“Meu trabalho é inspirar para colocar a inovação no DNA.”
Fiamma Zarife, diretora-executiva do Twitter
Fiamma Zarife, diretora do Twitter Brasil, trabalhou mais de 12 anos em tradicionais empresas de telecomunicações. “Vim de um mundo menos colaborativo”, afirma, em uma referência a estruturas de trabalho verticais e hierárquicas.
A marca de sua gestão, segundo ela, é a liderança pela influência e a mentoria reversa. “Chamo os estagiários em uma sala e pergunto quais músicas eles ouvem.”
No comando de uma empresa de tecnologia desde 2017, Fiamma diz ter precisado reaprender a liderar.
“Antes, tinha que fazer reunião em sala especial. Agora, faço videochamada com meu filho no colo e isso não espanta os interlocutores”, diz.
Inovar para trás
A participação feminina em cargos de tecnologia caiu de 24% para 20% nos últimos dez anos, segundo a consultoria de capacitação Softex, que compilou dados da Rais.
A remuneração média das mulheres também caiu. A redução foi de 2,1%, enquanto a masculina subiu 3,2%.
O estudo será apresentado nesta sexta-feira (8) em um evento da Prefeitura de São Paulo e do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Chegou mais cedo
O impostômetro da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) chegará à marca de R$ 500 bilhões neste sábado (9). Foram necessários cinco dias a mais para se alcançar o mesmo valor no ano passado.
Setores que têm uma alíquota alta, como eletricidade, veículos e combustíveis, tiveram crescimento, e assim a tributação subiu, de acordo com Marcel Solimeo, economista da ACSP.
com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Paulo Soprana