Com o respaldo de Zico, brasileiro quer fazer história no Japão

Kashima Antlers, do Japão, e Persepolis, do Irã, decidem neste sábado (10) no estádio Azadi, em Teerã, a Liga dos Campeões da Ásia.

A partida coroará um campeão inédito na Champions asiática, que dá ao vencedor uma vaga no Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, nos Emirados Árabes Unidos.

O Kashima está bem perto do título, já que a partida de ida, como mandante, ganhou por 2 a 0.

O principal destaque do clube japonês na competição é um brasileiro: Serginho, ex-Santos.

No Kashima desde agosto, o meia-atacante fez um gol em cada um dos cinco jogos que disputou pela equipe na Liga dos Campeões.

Um deles, inclusive, foi decisivo.

Na semifinal, contra o Suwon Bluewings, na Coreia do Sul, marcou aos 37 minutos do segundo tempo o gol do empate por 3 a 3, resultado que valeu a classificação – o Kashima vencera o jogo de ida por 3 a 2.

Ex-América-MG, Serginho vibra ao fazer o 2º gol do Kashima Antlers no jogo de ida da final da Champions asiática, vencido por 2 a 0 pelo time japonês contra o Persepolis, do Irã (Kazuhiro Nogi – 3.nov.2018/AFP)

Este é o melhor momento na carreira do jogador canhoto de 23 anos, nascido em Monte Aprazível, cidade de cerca de 25 mil habitantes localizada no noroeste paulista, a 474 quilômetros de São Paulo, na região de São José do Rio Preto.

Serginho esteve nas categorias de base do Santos a partir de 2011 e teve como adversários, em treinamentos, Neymar e Paulo Henrique Ganso. Profissionalizou-se em 2014, porém nunca conseguiu se firmar no alvinegro praiano.

Jogou por empréstimo no Vitória da Bahia, no Santo André-SP e, neste ano, no América-MG, onde suas atuações chamaram a atenção de Zico, que defendeu a seleção brasileira em três Copas do Mundo (1978, 1982 e 1986) e é um dos maiores ídolos do Flamengo e do Kashima Antlers.

Zico, hoje com 65 anos, atuou pelo maior campeão do Campeonato Japonês de 1991 até 1994, quando pendurou as chuteiras. O Kashima ganhou oito vezes a J-League.

Diretor técnico da equipe desde julho, foi quem recomendou a contratação de Serginho e iniciou as negociações com o Santos, segundo relato do jogador a O Mundo É uma Bola.

Serginho-3.jpgSerginho com Zico, ícone do Flamengo e um dos maiores ídolos da história do Kashima Antlers (Reprodução/Instagram de Serginho Soler)

O meia-atacante destaca a importância de Zico, desde sua chegada ao Japão, para que ele pudesse apresentar um bom futebol.

“O Zico é muito presente, está em todos os treinos, procura sempre dar conselho. No meu primeiro jogo, ele me disse que o que me trouxe para cá foi o que eu estava fazendo no Brasil e que era para eu fazer a mesma coisa, pois iria dar certo. Isso me deu uma tranquilidade a mais. Tê-lo no dia a dia, ele que foi um ídolo, um jogador fora do normal, eu nem tenho palavras para explicar. E foi o que ele falou: as coisas estão dando certo.”

Além dos cinco gols na Liga dos Campeões, Serginho marcou dois na J-League e outros dois na Copa da Liga Japonesa.

São nove gols em 17 partidas – média de 0,53, muito boa para um jogador que não fica com tanta frequência tão perto do gol –, mais do que tinha feito em toda a carreira profissional (sete gols pelo América e um pelo Vitória).

Serginho diz ter o sonho de jogar no futebol da Europa e acha que o desempenho no Kashima pode ajudá-lo. Ressalta, porém, ter vontade de, antes de uma possível transferência, triunfar no clube atual, com o qual tem contrato até 2021.

“O Kashima é uma ótima vitrine, pelo nome que tem, pelo que o Zico fez no clube e pelo que está fazendo hoje. Isso conta muito. Espero ficar bastante tempo aqui e fazer história por este grande clube.”

Terá sua chance na decisão da Champions, já que nem com Zico o Kashima chegou ao topo na Ásia.

Serginho-4.jpgSerginho durante treino em 2016 no Santos, clube ao qual esteve vinculado de 2011 a 2018 (Reprodução/Instagram de Serginho Soler)

Em tempo: Serginho diz não ter tido problemas de adaptação no Japão em relação à comida e aos costumes. Sobre o idioma, admite a dificuldade, minimizada com o auxílio de dois intérpretes, “um fora de campo, outro dentro”, este último o colega de time Leandro (meia-atacante, ex-Grêmio, Palmeiras, Santos e Coritiba), que está no Japão desde o ano passado. O Kashima ainda tem mais um brasileiro no elenco, o volante Léo Silva (ex-Portuguesa).

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