Copa do Mundo dá a Modric prêmio de melhor jogador da Europa

Luka Modric, de 32 anos, foi anunciado nesta quinta (30), em cerimônia em Mônaco, como o melhor jogador da Europa na temporada 2017/2018.

Primeiro croata a faturar o troféu, Modric superou os outros dois finalistas (o português Cristiano Ronaldo e o egípcio Mohamed Salah) na votação de 80 treinadores e de 55 jornalistas selecionados pela Uefa, a entidade que rege o futebol no velho continente.

A Copa do Mundo da Rússia, indubitavelmente, determinou a escolha do meio-campista do Real Madrid.

Mais até pelo desempenho croata como um todo do que pela atuação individual de seu camisa 10.

Pois a Copa encerrada em julho será lembrada tanto pelo título do jovem e talentoso conjunto francês como pela façanha da Croácia, um país de apenas 27 anos de vida (tornou-se independente da Iugoslávia em 1991) que chegou à final pela primeira vez muito mais pelo esforço/fôlego (foram três prorrogações) e pela precisão/sorte (foram duas disputas de pênaltis) do que pelo encanto.

Capitão de sua seleção, Modric acabou eleito o melhor do Mundial, superando o belga Hazard  e o francês Griezmann.

Capitão da seleção croata, Modric acena ao público em Moscou depois de receber o troféu de melhor jogador da Copa do Mundo (Dylan Martinez – 15.jul.2018/Reuters)

Não dá para dizer que não foi merecido, porém faltou nessa Copa um supercraque, aquele por quem os fãs de futebol suspiram, aquele a quem os amantes da bola reverenciam.

Cito a Copa como fator decisivo pró-Modric porque antes dela, apesar de ter sido jogador importante na vitoriosa campanha do Real na Liga dos Campeões, o croata não era páreo para o então colega Cristiano Ronaldo – que se transferiu recentemente do time espanhol para a italiana Juventus – nem para Salah.

O CR7 brilhou na mais importante competição europeia, somando 15 gols (um deles lindo, de bicicleta), que lhe renderam a artilharia da Champions League.

Ao longo de 12 meses, balançou as redes 54 vezes (clube mais seleção, considerando todas as competições e todos os amistosos), quatro delas no Mundial da Rússia.

Salah, vice-campeão europeu com o Liverpool, teve uma temporada espetacular.

Marcou 32 gols na Premier League – desde que o Campeonato Inglês passou a ser disputado por 20 times, em 1988/1989, jamais alguém atingira essa marca. Foram outros 11 na Liga dos Campeões.

Na temporada 2017/2018, o egípcio anotou os mesmos 54 gols de Cristiano Ronaldo (clube mais seleção, somando todas as partidas disputadas), dois deles na Copa do Mundo.

Modric também fez dois gols na Copa, um contra a Nigéria, de pênalti, e outro diante da Argentina, ambos na primeira fase. Na temporada toda, contudo, foram apenas cinco tentos (em 46 partidas).

Não dá para fazer uma comparação direta do croata com Cristiano Ronaldo e Salah em relação à artilharia, pois ele joga mais atrás. Mas, mesmo assim, só cinco gols no intervalo de um ano é uma ninharia.

Seu número de assistências (passes para gol), sete – seis no Campeonato Espanhol e uma na Liga dos Campeões –, supera o de gols.

O que mostra que, desta vez, os eleitores da Uefa decidiram privilegiar, na escolha do vencedor, mais do que a bola na rede, a cabeça pensante.

Pois é isso o que Modric é: um ritmista (empresto o termo usado por Tite, treinador da seleção brasileira, que, aliás, não teve um jogador assim na Copa), que joga de uma área à outra.

Extremamente requisitado durante as partidas, é um organizador que raramente dribla. Sua melhor arma são os passes. Passes que quase não erra.

Somam-se a essa precisão a excelente visão de jogo e o esmero nas faltas e escanteios.

De quebra, quando sua equipe não tem posse da bola, desdobra-se na marcação, jogando limpo – receber cartões é raridade.

Emfim, o brilho de Modric, o que faz dele um craque, está em executar o simples com perfeição.

Modric-3.jpgModric, à direita de Sergio Ramos (com o troféu), na comemoração do Real Madrid, no Estádio Olímpico de Kiev, após a vitória por 3 a 1 sobre o Liverpool e a conquista da Champions League (Kai Pfaffenbach – 26.mai.2018/Reuters)

A pergunta a ser feita é: eleger um não artilheiro para um prêmio relevante, privilegiando outros atributos que são via de regra minimizados na hora da votação, foi uma exceção ou é uma tendência?

A resposta virá em breve, ainda neste ano, ao se conhecer o melhor jogador do mundo em duas eleições.

A da Fifa (prêmio The Best), no dia 24 de setembro, no qual votam os treinadores e os capitães das seleções nacionais, um jornalista de cada federação filiada à Fifa e o público (via internet).

E a da revista France Football (o tradicionalíssimo prêmio Bola de Ouro), com colégio eleitoral formado somente por jornalistas (176 votaram no ano passado), em data a ser conhecida – em 2017, a cerimônia foi em dezembro.

Cristiano Ronaldo é o atual detentor desses dois cobiçados troféus.

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Em tempo: A Uefa entrega seu prêmio desde 1998, e Cristiano Ronaldo é quem mais venceu, quatro vezes (2008, 2014, 2016 e 2017), seguido por Messi, três vezes (2009, 2011 e 2015). Houve brasileiros que faturaram o troféu: Ronaldo Fenômeno, em 1998, Ronaldinho, em 2006, e Kaká, em 2007. Deco, também nascido no Brasil e naturalizado português, foi o melhor da Europa em 2004. Nesta década, além do CR7 e de Messi, ganharam o prêmio o espanhol Iniesta (2012) e o francês Ribéry (2013). Jamais um zagueiro foi eleito, e um goleiro, só uma vez: o italiano Buffon, em 2003.

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