Correria organizada
Nesta quarta (31), o Athletico-PR, mesmo em desvantagem de um gol contra o Boca Juniors, na Libertadores, está mais confiante, após eliminar o Flamengo, na Copa do Brasil, no Maracanã, nos pênaltis, e ganhar as duas últimas partidas fora de casa, no Brasileiro.
A maior dificuldade dos times brasileiros quando enfrentam o Boca Juniors, na Bombonera, é a instabilidade emocional, quase um pânico, como se o Boca fosse invencível em seu estádio. Ficam na defesa, acuados, e perdem o jogo. Quero ver o Athletico procurar a vitória desde o início, como faz em Curitiba. É a chance.
O Flamengo, no Maracanã, contra o Emelec, tem de pressionar o tempo inteiro. A grande dificuldade das equipes em casa quando começam o jogo em desvantagem é atuar com agressividade, sem perder a lucidez e a tranquilidade nos instantes decisivos.
Se o Flamengo for eliminado, como já aconteceu na Copa do Brasil, Jorge Jesus será crucificado, como foram os técnicos anteriores, mesmo com pouco tempo de trabalho e sem contar com vários titulares importantes. A ilusão de grande parte dos torcedores e também de parte da imprensa é a de que o Flamengo tem um excepcional elenco e que, se não ganha, é por causa do técnico.
Passo para o Brasileiro. Dos oito primeiros colocados, apenas Santos e São Paulo estão somente em uma competição. Isso é uma vantagem, desde que Cuca não escale Pato pela esquerda, como um segundo atacante, com a obrigação de voltar para marcar o lateral. Contra o Fluminense, o lateral descia livre, e Pato ficava no meio do caminho.
O Fluminense, que está na zona de rebaixamento, não tem apenas uma ótima média de passes e de posse de bola. É também um dos times que mais criam chances de gol. Apesar de não conhecer bem o critério que os estatísticos usam para classificar uma chance de gol, os números sugerem que o Fluminense
pode melhorar os resultados, com o mesmo desempenho.
Esses números e uma classificação, contra o Peñarol, pela Copa Sul-Americana, dariam tranquilidade para Fernando Diniz continuar seu trabalho.
Ao mesmo tempo em que existe uma intolerância em relação a Fernando Diniz, por causa dos maus resultados, há o oposto, o encantamento com o técnico, como se ele fosse um revolucionário, um gênio incompreendido e azarado. O Fluminense não tem que mudar o estilo e passar a jogar na defesa e no contra-ataque, como muitos pedem, mas necessita corrigir os erros coletivos na defesa e no ataque.
Quem tem bom desempenho e bons resultados é o Santos, líder do Brasileiro. A equipe tem uma referência tática, mas os jogadores não param de correr, ocupando várias posições e funções diferentes. Em um mesmo jogo, o Santos tem inúmeros desenhos táticos. É a correria organizada.
Não dá mais para uma grande equipe jogar com o goleiro somente debaixo do gol, que não sabe usar os pés, com os zagueiros colados à grande área, atrapalhando o goleiro, com laterais burocráticos, que marcam, avançam e somente cruzam a bola na área, com dois volantes em linha, recuados, um marcando o outro, com jogadores pelos lados, que passam todo o jogo correndo para frente e para trás, encostados à lateral, com um meia de ligação que não faz dupla com o centro avante e que não participa da marcação e com um centroavante estático, esperando a bola para empurrá-la para as redes.
Isso serve para vários times brasileiros. O jogo fica feio, ruim e chato.