Criadoras de 'Girls' trocam jovens hipsters por adultos neuróticos em nova série
Lena Dunham e Jenni Konner comandaram “Girls” por cinco anos. Nos 62 episódios que foram exibidos, as duas desfraldaram o comportamento do jovem urbano de Nova York, criando ou assumindo tendências hipsters. Nada poderia ser mais diferente da nova série da dupla, que estreia no Brasil em novembro pela HBO.
Uma adaptação da sitcom inglesa homônima, “Camping” é sobre uma mãe controladora (Jennifer Garner), que planeja um fim de semana de acampamento com casais amigos para comemorar o aniversário do marido (David Tennant). O evento se transforma em uma série de conflitos de personalidades adultas, que marcam os oito episódios do programa.
“Apesar de parecer muito mais jovem, sou quarentona”, brinca Konner, 47 anos, em entrevista à Folha. “Mas a razão de produzirmos uma série tão diferente de ‘Girls’ é que nos apaixonamos pela original assim que vimos. Percebemos que o cenário era o ideal para uma comédia e nos lembrava filmes que amamos, como ‘O Reencontro’. É uma estrutura divertida colocar um monte de gente diferente sem ter para onde ir quando ficam p. da vida uns com os outros.”
“Camping” surgiu logo depois que Dunham e Konner disseram adeus à “Girls” e a produtora admite que foi um período triste. “Foi uma transição brusca e foi difícil deixar para trás algo que amamos tanto e que fez parte das nossas vidas durante muitos anos”, confessa. “Só queria ficar na cama, mas precisei levantar e trabalhar.”
A principal diferença da versão americana para a inglesa é a ausência de um assassinato que deixa a trama original mais inverossímil. Além disso, o grupo de amigos do programa britânico acampa em um terreno particular de um fazendeiro perturbado. “Tentamos deixar o mais realista possível. Uma viagem para acampar já é diferente o bastante para catalisar as situações dos personagens”, explica a produtora e roteirista.
A atriz Jennifer Garner admite que ficou assustada ao receber a oferta de interpretar a neurótica quase insuportável que organiza todo o evento. “A série é ousada, então fiquei nervosa”, conta ela. “Mas li o roteiro e isso me ajudou a compreender minha personagem. Somos todas assim, uma grande bagunça. Ela pode ser irritante para os outros, mas é uma heroína para mim.”
Uma característica que pode muito bem ser traduzida para a Hannah de Lena Dunham e sua relação tempestuosa com as amigas. “Gostamos de falar sobre relacionamentos femininos. As mulheres eram mais jovens em ‘Girls’, mas há um comportamento padrão de como elas se comportam ao virarem adultas e escolherem amigas por razões diferentes. E começar com uma traição cruel sempre é divertido”, diz Konner, que, dias depois da entrevista, anunciou o fim da sociedade com Dunham na produtora Casual Romance.