Crise entre Executivo e Legislativo | Guedes diz que atrito entre Maia e Bolsonaro foi 'falha de comunicação'
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniram nesta quinta-feira (28) para acalmar os ânimos entre o Executivo e o Legislativo.
Após o encontro com lideranças na residência oficial, Maia afirmou que o "assunto está encerrado" e que o foco é a retomada da tramitação da reforma da Previdência.
"Esse assunto que vocês estão perguntando está encerrado", disse, quando questionado por jornalistas sobre a troca de farpas com o presidente Jair Bolsonaro. "Eu disse ontem que estava na hora de parar."
Nesta quarta-feira (27), ele afirmou que o presidente estava "brincando de presidir o país". Bolsonaro retrucou dizendo ser uma declaração irresponsável e depois, nesta quinta, baixou o tom, afirmando que o entrevero foi "uma chuva de verão".
Apesar do tom de pacificação com o Executivo, a relação de Maia com Paulo Guedes não havia sido abalada pela crise com o Planalto. O ministro é o principal interlocutor do presidente da Câmara no governo.
Guedes confirmou, por exemplo, que foi orientado pelo presidente da Casa a faltar na sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na terça-feira (26). Ele deveria explicar a reforma para os parlamentares, mas desmarcou em cima da hora, causando irritação no presidente do colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR).
"[Maia] me sugeriu que eu esperasse a escolha do relator, esperasse um pouco para que não fosse uma visita mais conflitiva, e sim uma visita que pudesse ser mais produtiva, ele me deu essa orientação", disse Guedes.
Maia confirmou que o ministro irá à comissão discutir a reforma na quarta-feira (3). "Eu vou mais tranquilo certamente, e acredito que a reforma vai deslanchar", afirmou.
Guedes chamou o conflito entre os presidentes dos Poderes de "barulho" e disse que há falha de comunicação.
"O barulho está um pouco acima por causa desse choque inicial, mas eu tenho sido testemunha de que todos estão empenhado. Tem um problema de comunicação grande, mas o apoio do presidente à reforma veio quando ele me deu a capacidade de fazer a reforma, e foi fazer a entrega na Câmara", afirmou.
O ministro afirmou ainda que o governo pretende atender pleitos dos governadores, como a antecipação de recursos e a partilha da cessão onerosa.
Além do chamado "plano Mansueto", de socorro aos estados, Guedes afirmou que se colocará em plano uma antecipação de recursos mediante garantias dos estados.
"A segunda dimensão tá com o BNDES, plano de tangibilização de ativos, todo estado que tiver recursos nós fazemos a antecipação mediante garantia", afirmou.