Custos da rainha e da família real britânica batem recorde

A rainha Elizabeth 2ª e sua família real nunca custaram tanto para os contribuintes britânicos.

Segundo dados divulgados na semana passada, o custo direto oficial da realeza chegou a R$ 384 milhões no período fiscal de abril de 2017 a março de 2018.

É muito dinheiro. Mas não é, nem de longe, o custo total para manter a monarquia.

Este é somente o valor do Sovereign Grant, uma subvenção direta concedida pelo tesouro britânico à monarca para financiar as atividades oficiais dela e da família.

Trata-se de uma espécie de salário para os “royals” que cobre também custos de viagens oficiais e até parte da atual reforma do Palácio de Buckingham.

Mas vários outros custos indiretos, como segurança, por exemplo, não estão incluídos nesse valor.

Segundo algumas estimativas, o custo geral direto e indireto da monarquia chega a um total de R$ 1,7 bilhão por ano.

A rainha Elizabeth 2ª é, obviamente, a integrante da família que mais recebe recursos públicos.

Segundo o governo, ela recebeu R$ 239 milhões no período de um ano para cobrir seus gastos diretos e para participar de 154 eventos oficiais e algumas viagens.

Isso representa um aumento de 13% em relação aos custos dos 12 meses anteriores —em um país onde a inflação anual é de 2,3%.

Nenhuma categoria de trabalhadores conseguiu reajuste parecido nos últimos tempos no país. Pelo contrário, em muitos casos os salários foram bastante achatados.

Um dos motivos do aumento na subvenção real é exatamente a reforma do Palácio de Buckingham, que vai durar nada menos do que dez anos e custar outra fortuna de R$ 1,8 bilhão.

A subvenção real varia, por lei, de 15% a 25% dos valores pagos à receita britânica pelos lucros gerados pelas propriedades reais.

A imensa carteira de imóveis pertencentes à família real inclui desde os palácios até centenas de terrenos e propriedades comerciais e residenciais espalhadas pelo país todo —mas concentradas em grande parte em Londres.

Essas propriedades geram receitas que são taxadas pela receita como lucro da família –como acontece com qualquer outro proprietário no país. Mas, ao contrário de qualquer cidadão comum, no caso da rainha o tesouro retorna parte desses impostos na forma da subvenção.

O movimento republicano é minúsculo no Reino Unido e esse uso de dinheiro público não gera maiores debates internos –embora algumas poucas vozes reclamem desse privilégio real.

Por outro lado, há quem defenda vivamente os investimentos públicos na monarquia.

Eles argumentam, por exemplo, que todo o suposto glamour da família real ajuda a trazer turistas para o país, aumentando a arrecadação de impostos.

Independente do tipo de argumento, parece claro que uma discussão mais profunda sobre os gastos públicos com a família real e até o próprio futuro da monarquia poderia ser muito saudável para o país.

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