Desfile no Rio de Janeiro | Gonzaguinha de volta
Após segurar a lanterna em 2018 e permanecer no Grupo Especial devido a uma virada de mesa, o Império Serrano quer esquecer o Carnaval do ano passado falando sobre o mistério da vida e homenageando em seu enredo a famosa música do cantor e compositor Gonzaguinha: "O que É, o que É?".
A adaptação da faixa causou polêmica no mundo do samba, com protestos da premiada ala de compositores da agremiação e estranheza dos torcedores de outras escolas. Segundo o carnavalesco Paulo Menezes, a inspiração surgiu na década passada, em uma busca pessoal por respostas sobre as reviravoltas típicas da vida.
"Eu tinha essa ideia há mais de dez anos. Lembro que, em 2009, quando fiz a Renascer de Jacarepaguá com o Paulo Barros, eu já falava sobre isso com ele. Neste ano, quando vim para cá, a escola me perguntou se eu tinha uma ideia ousada", disse ele em entrevista ao UOL, afastando a discórdia.
"Acho que não esperavam tanto [risos]. Algumas pessoas acham que esse enredo foi imposição minha, mas não foi. A escola comprou a ideia."
Veja o samba-enredo da escola, uma das mais tradicionais do Carnaval do Rio
"O que É, o que É"
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita
E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Êh! Ôh!
E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é? Meu irmão
Há quem fale que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo
Há quem fale que é um divino mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita