Destinos cruzados

Diego Aguirre completará 30 jogos como técnico do São Paulo contra o Ceará, neste domingo (26), na liderança do Campeonato Brasileiro. 

Há um ano, o São Paulo perdia o clássico para o Palmeiras por 4 a 2 e alcançava sua pior classificação naquele Brasileiro: 19º lugar. Fazia dez partidas que Rogério Ceni havia deixado o comando do Morumbi, lamentando ter sido demitido com apenas uma rodada na zona do descenso, em 17º.

Um ano depois, São Paulo e Rogério Ceni estão em alta. O São Paulo tem em Raí uma espécie de “presidente do futebol”, mas com o comando compartilhado. A cada decisão dividida com Ricardo Rocha, Lugano e o presidente Leco, a cada conversa com os jogadores, as soluções em conjunto criam compromisso. Não dá para saber se levará ao título. Por enquanto, trouxe à liderança.

No Fortaleza, os depoimentos são parecidos: “Nunca tivemos um técnico que nos ouvisse tanto”, diz o analista de desempenho, Leandro Costa. Aos 34 anos, formado em economia, contratado pelo Fortaleza para formar o centro de inteligência, Costa surpreendeu-se com a capacidade de diálogo de Rogério. 

“Tivemos de guiá-lo no início, sobre os jogadores com perfil de Série B. Sempre foi surpreendente como ele se abre para a discussão e escuta as sugestões”, elogia Leandro.

Há um ano, Rogério parecia não ter se despido da roupa de jogador, para se tornar grande treinador. Mas depoimentos sobre a qualidade de seus treinos sempre foram positivos. 

Elogiava-se a tática, o repertório de exercícios para os jogadores não caírem na rotina, os exercícios lúdicos e até uma metáfora no vestiário, quando encheu copos depois de vencer uma partida e disse aos jogadores que bebessem o líquido para sentir o gosto da vitória.

Os elogios eram sobretudo à capacidade de mostrar no trabalho do dia-a-dia, como queria uma equipe moderna, que mesclasse pressão e posse de bola para asfixiar o adversário pela maior parte do tempo.
Era diferente do São Paulo de Aguirre. O São Paulo é forte, lidera o Brasileiro e tem o 13º índice de posse de bola. Com Rogério, era o líder nesse critério e 17º na classificação. “Aqui, os jogadores adoram seus treinos”, diz Leandro Costa.

Em um ano, o São Paulo saiu da crise. Rogério Ceni, também. Perdeu o bom assistente inglês, Michael Beale, atual auxiliar de Steven Gerrard, no Rangers, da Escócia. 

Havia opiniões, no clube, de que Beale era responsável pelo repertório de treinos. Não era. Se perdeu Beale, Rogério manteve o francês Charles Hembert ao seu lado e ouve cada opinião da comissão técnica e dos analistas de desempenho.

Por que não deu certo é fácil entender. À parte as opiniões de que Rogério deveria ter começado por baixo, não no clube em que se consagrou, é necessário lembrar que o São Paulo era um lugar muito difícil de trabalhar doze meses atrás. 

A crise política, a eleição de Leco, as disputas internas, tudo isso tornava o vestiário muito mais tenso do que é hoje.

Se há um ano, o Centro de Treinamento da Barra Funda tivesse a tranquilidade oferecida desde a chegada de Raí, talvez Rogério alcançasse o mesmo sucesso de Diego Aguirre.

O São Paulo atual rouba a bola e contra-ataca. Começou a rodada com o segundo melhor ataque, a quinta defesa menos vazada e 19º em quantidade de passes por jogo. 

O Fortaleza tem o ataque mais positivo da Série B, a melhor defesa, a maior posse de bola (56,9%), o melhor índice de passes (419).

Os estilos são diferentes, mas os resultados caminham juntos. Hoje, cada um com sua bandeira tricolor, cada um em sua série, São Paulo e Rogério lutam pelo título nacional.

 

 

 

 

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