Deve ser aberta no fim de 2020 | Moro será indicado para próxima vaga no Supremo, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou hoje que o ministro Sergio Moro (Justiça e da Segurança Pública) será indicado para a próxima vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), que deve ser aberta em novembro do ano que vem com a aposentadoria do decano Celso de Mello.
"Tenho um compromisso com ele [Moro]. A primeira vaga [do STF] que vier é dele. Vou honrar o compromisso com ele, caso ele queira", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Bandeirantes
O presidente confirmou que assumiu esse compromisso com Moro após a vitória na eleição do ano passado, quando tomou a decisão de convidar o então juiz para formar o governo.
Moro, que se destacou à frente das ações da Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal Criminal (Curitiba), precisou abandonar a magistratura para migrar ao Executivo.
Bolsonaro afirmou que Moro no STF "será um grande aliado" do país e será "aplaudido pela nação". Ele ressaltou, no entanto, que todo e qualquer indicado à Corte precisa ser sabatinado e aprovado pelo Congresso.
Em entrevista concedida ao jornal português "Expresso" no mês passado, Moro comparou uma indicação ao STF a ganhar na loteria. "Seria [ir para o STF] como ganhar na loteria. Não é simples. O meu objetivo é apenas fazer o meu trabalho", disse, ao ser questionado sobre essa possibilidade.
Questionado se o STF seria uma opção segura caso sua vida política acabe mal, Moro afirmou que atualmente "nem existem vagas" na corte.
Procurado pelo UOL hoje, o ministro afirmou que não comentaria a declaração de Bolsonaro.
Por lei, cabe ao presidente da República fazer as indicações ao STF. Feita a escolha, cabe ao Senado sabatinar e aprovar ou não o nome indicado. Além da vaga que será aberta no ano que vem, Bolsonaro ainda terá mais uma à disposição --Marco Aurélio Mello se aposentará em 2021-- em seu mandato.
O último a entrar na Corte foi Alexandre de Moraes, que era o ministro da Justiça na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Semana ruim de Moro
A última semana não foi das melhores para Moro. A principal derrota se deu no Congresso, com a volta do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Economia.
O ex-juiz federal considera que o órgão é estratégico no combate à corrupção no país e afirmou que sua permanência no Ministério da Justiça é uma "questão pessoal". O governo ainda não desistiu de inverter a situação.
Moro também foi praticamente ignorado em relação ao decreto que flexibilizou as regras para posse e porte de armas, assinado por Bolsonaro na última semana. A consultoria jurídica da pasta teve menos de 24 horas para avaliar o teor da norma, conforme revelado pelo UOL.
'A gente espera a tormenta'
Na entrevista de hoje, Bolsonaro também voltou a defender a necessidade da reforma da Previdência e a comparou com uma "vacina". "Tem que dar vacina no moleque", disse o mandatário, para evitar problemas adiante. O presidente também comentou as críticas que têm recebido por conta da ausência de uma base sólida no Parlamento.
Segundo ele, há uma tentativa por parte do governo de romper com o chamado "toma lá, dá cá" e iniciar uma nova forma de diálogo com o Congresso.
"Essa forma de fazer política não deu certo", disse ele, sustentando a tese de que os parlamentares e seus partidos estavam acostumados a distribuir cargos em troca de apoio aos projetos do Executivo.
Bolsonaro se disse injustiçado pelas críticas e afirmou à Rádio Bandeirantes que está aberto a sugestões caso alguém saiba "como montar uma base".