'Dia D' de missão humanitária na Venezuela tem confrontos com militares
Militares venezuelanos dispersaram neste sábado (23) com gás lacrimogêneo e balas de borracha dezenas de pessoas que tentavam chegar à Colômbia por uma ponte fronteiriça em Ureña (Táchira), que teve o fechamento ordenado na noite de sexta pelo regime do ditador Nicolás Maduro para evitar a entrada de ajuda humanitária.
Moradores de Ureña pediam aos militares autorização para atravessar a ponte, como fazem cotidianamente.
Após momentos de tensão, os militares avançaram e começaram a disparar bombas de gás lacrimogêneo. Os moradores responderam com pedras.
Na noite de sexta (22), a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou o fechamento da fronteira venezuelana com a Colômbia e o Brasil.
Ainda que a fronteira com a Venezuela estivesse fechada, o governo brasileiro decidiu manter a programação de enviar ajuda à região.
Do lado brasileiro, a ação coordenada entre EUA, Colômbia e a oposição venezuelana acontece a partir de Pacairama, Roraima.
Mesmo com a intensa movimentação do governo federal, apenas duas camionetes deixaram Boa Vista rumo à cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, neste sábado (23).
No entanto apenas uma camionete chegou. A outra parou no meio do caminho com o pneu furado.
O chanceler Ernesto Araújo acompanhou os veículos e deu uma entrevista coletiva na sede da Polícia Federal em Pacaraima, localizada a algumas dezenas de metros da fronteira.
Ele disse que a não há uma “linha vermelha” que possa interromper a continuidade da operação. “Só se o caminhão quebrar.”
“Vamos continuar com o plano original de que os caminhões entrem na Venezuela para que a distribuição seja feita do lado de lá. É uma questão de tempo, mas, no momento, não temos nenhum horizonte."
Ao lado de Araújo, o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Willian Popp, disse que a participação americana é estritamente humanitária.
Os caminhões trouxeram quatro kits emergenciais de saúde do Ministério da Saúde com medicamentos de baixa complexidade, arroz americano e leite brasileiro. Segundo o Itamaraty, os itens abasteceriam 6.000 pessoas por um mês.
Pela manhã deste sábado (23), uma fila de militares com escudos antimotim fechava a via que dá a acesso ao país vizinho, onde ao menos dois morreram em confrontos com forças militares na sexta-feira.
Das 200 toneladas de ajuda prevista, 178 tonelada são do governo Donald Trump, e 22 vieram de doações brasileiras, segundo a embaixada americana.
Do lado colombiano, em Cúcuta, ao menos 14 caminhões estão carregados com os mantimentos enviados pelos Estados Unidos.
A operação se transformou em um enorme espetáculo midiático. Centenas de jornalistas de todo mundo aguardam o presidente colombiano, Iván Duque, e o presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, a poucas centenas de metros da fronteira.