Diga não ao 'roubauto'
Tolerância zero com crimes depende muito do consumidor. O desmanche de carros, por exemplo, continua ocorrendo, mas a venda de peças automotivas roubadas tem sido feita pela Internet. Quem compra qualquer produto sem garantia da origem pode cometer um crime também. E, além disso, fortalecer esquemas responsáveis por assaltos, sequestros e outros que tais.
Não consigo entender como é possível que alguém compre partes de um carro por preços bem inferiores aos do mercado e não desconfie que as peças venham de um veículo roubado. Não é possível.
Isso significa, portanto, que pessoas aparentemente honestas, sem antecedentes criminais, têm valores excessivamente flexíveis. E não é demais insistir que podem ser cúmplices de violências físicas, ferimentos e até mortes cometidas por ladrões de carros.
A mesma conclusão vale para quem compra produtos contrabandeados. Talvez imagine driblar a estúpida carga tributária e fiscal do país. Mas também contribui para ações de marginais, além de lesar os cofres públicos.
Todos ficamos revoltados com corrupção, desvio de recursos públicos, fraudes em transportes, saúde e educação. Gostaríamos de viver em um país em que as leis valessem para todos e no qual o dinheiro arrecadado com impostos, taxas e contribuições ajudasse a reduzir a tremenda desigualdade social.
Há que ir além das boas intenções, contudo. Temos de agir corretamente sempre, fugindo da tentação de lucrar com transações comerciais duvidosas ou mesmo criminosas.
O consumidor deve se lembrar que é cidadão. E que um país de verdade não se constrói somente cobrando virtudes dos outros. Cada um de nós é indispensável à transformação do ambiente em que vivemos.
Estranhamos, por exemplo, o calorão de inverno em São Paulo e a falta de chuvas. Mas nada fazemos para reduzir a poluição ambiental, o desmatamento e a escassez de áreas verdes em várias regiões da cidade.
Estima-se que mais de 500 mil carros sejam roubados no Brasil, anualmente. Parte deles é enviada a desmanches clandestinos.
Operação realizada pela polícia gaúcha no final do mês passado desativou galpões ilegais que vendiam peças de carro roubadas para todo o país. Um desses galpões negociava as peças pelo site Mercado Livre, informou reportagem do programa Fantástico (TV Globo).
Além da responsabilidade solidária (site, vendedor, intermediário), que está bem clara no Código de Defesa do Consumidor, cabe a todos nós usar o bom senso frente a ofertas como a que detectou a reportagem da emissora de TV: uma porta de carro de luxo importado que, usada, custa em torno de R$ 4 mil, vendida por R$ 800.
Ainda parece um negócio inocente?