Dólar volta a R$ 3,95 com avanço da Previdência
Após alta de R$ 4 do dólar na manhã desta quinta-feira (25), o mercado se acalmou com o avanço da tramitação da reforma da Previdência. O exterior operou em viés misto e o dólar permaneceu estável frente às principais moedas mundiais. Em resposta, a moeda americana recuou 0,77%, em comparação ao real e fechou cotada a R$ 3,95. A Bolsa voltou aos 96 mil pontos.
Na noite de terça (23), a reforma foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Na quarta, no entanto, o mercado brasileiro reagiu à forte valorização do dólar no exterior e aos dados negativos do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O dólar fechou a R$ 3,99 e a Bolsa recuou 1%.
Nesta quinta, o cenário externo esteve mais favorável, com as principais Bolsas globais em viés misto. O dólar se manteve estável em relação à véspera.
No Brasil, investidores viram como positivos os acenos do presidente Jair Bolsonaro à reforma e ao centrão. Em pronunciamento na noite de quarta, Bolsonaro defendeu a reforma e agradeceu Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, pelo comprometimento com o projeto.
Ainda nesta quinta, Samuel Moreira (PSDB-SP), próximo ao secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, foi definido como relator da comissão especial. A presidência será do centrão, com Marcelo Ramos (PR-AM).
O nome do tucano na condução do relatório agradou investidores, que enxergam comprometimento de Moreira com a aprovação de uma reforma não muito desidratada.
Segundo cálculos divulgados nesta quinta pelo governo, se aprovada na íntegra, a nova previdência irá gerar uma economia de R$ 1,236 trilhão, acima dos R$ 1,072 trilhão previsto inicialmente. Se desidratada, o governo espera, no mínimo, R$ 800 bilhões.
Com avanço na tramitação, o Ibovespa, maior índice acionário do país, subiu 1,58%, a 96.552 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,3 bilhões, próximo à média diária para o ano.
O dólar recuou 0,77%, a R$ 3,9560. Dentre uma cesta de moedas emergentes, o real foi o que mais se valorizou.
“O otimismo do mercado hoje é doméstico, os estrangeiros ainda não voltaram a investir no Brasil. Só vão voltar com uma reforma da Previdência mais concretizada. A economia ainda está fraca. O Caged, coração da economia, ainda vai fazer preço. Fechamento de postos de trabalho é um sinal muito ruim”, afirma Thiago Salomão, economista-chefe da Rico.
Salomão lembra, no entanto, que dados positivos de EUA e China e alta das commodities tende a favorecer a economia brasileira a longo prazo. Mas, por enquanto, a tramitação da reforma ainda irá provocar oscilações.
“O mercado ainda está sensível à reforma. Vamos ter ruído todo dia, dependendo do noticiário. Qualquer coisa de Previdência irá afetar os índices”, afirma.