Dois mortos na comunidade da Muzema | Bombeiros resgatam mulher de prédio que desabou no Rio
Dois prédios desabaram nesta manhã na comunidade da Muzema, na zona oeste do Rio. Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos duas pessoas morreram --um homem e um garoto -- e outras nove ficaram feridas.
Dos sobreviventes, sete já foram levados para hospitais, e outros dois estão sendo resgatados neste momento.
12.abr.2019 - Vítimas são resgatadas por helicóptero do Corpo de Bombeiros após desabamento de dois prédios no Rio de Janeiro Imagem: Reginaldo Pimenta/Estadão Conteúdo
Pouco antes das 13h, uma mulher identificada como Carol foi retirada debaixo dos escombros. Ela estava consciente e chorava.
Ela foi levada de helicóptero a um dos dois hospitais municipais da cidade que recebem os resgatados: Lourenço Jorge, a 12 quilômetros da Muzema, ou ao Miguel Couto, a 15 quilômetros dali.
Ainda não foi confirmado se a resgatada era uma das duas pessoas que haviam sido localizadas pelos bombeiros sob os escombros, ou se é mais uma vítima.
"Já fizemos contato visual e a retirada dessas pessoas [presas nos escombros] deve ser feita em breve. No momento sete pessoas foram resgatadas com vida e outras duas morreram",o disse subcomandante geral do Corpo dos Bombeiros, coronel Marcelo Gisler.
De acordo com ele, a corporação também trabalham no escoramento dos prédios que ficam ao lado dos que caíram "para dar segurança aos bombeiros".
Os prédios que desabaram não foram autorizados pelos órgãos fiscalizadores, segundo a prefeitura do Rio, que afirma que as obras chegaram a ser interditadas em 2018. O governo municipal diz que a região é controlada por milícias, o que dificulta a entrada de fiscais.
Em um vídeo gravado no local da tragédia, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), disse que "fica uma lição". "Quando a prefeitura notificar, multar, pelo amor de Deus, não continuem as obras porque tem risco de vida", declarou.
Moradores relatam desespero após desabamento
UOL Notícias Os feridos
Os feridos resgatados foram repartidos entre três hospitais na cidade: o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca; o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, e uma unidade da Unimed.
Unidade da Unimed
1. Claudio Rodrigues, adulto sem idade revelada
2. Clara Rodrigues, filha de Claudio, criança, sem idade revelada
Hospital Municipal Lourenço Jorge
3. Adilma Rodrigues, 35, passou por cirurgia e está no CTI. O estado é considerado grave. É mãe de Clara e mulher de Cláudio
4. Luciano Paulo dos Santos, 38, passa por exames, como radiografia
Hospital Municipal Miguel Couto
5. Evaldo Vieira Silva, 46, foi atendido com dores no corpo e passa por exames
6. Pessoa ainda não identificada, sendo transportada para o hospital
Sob os escombros
2 pessoas
Ainda há relatos de uma criança, de 4 anos, chamada Júlia. Não foi informado para qual unidade foi levada.
8h11 - ATUALIZAÇÃO | ITANHANGÁ: Equipes dos Bombeiros, Guarda Municipal e Políci Militar atuam no local. Defesa Civil, Light e Cedae foram acionados. #ZonaOeste pic.twitter.com/6Sx7v1sAHs
- Centro de Operações Rio (@OperacoesRio) 12 de abril de 2019Buscas por mais vítimas
Equipes de buscas pediram que os moradores se afastassem do local. Os bombeiros isolaram a área da tragédia porque outros prédios do entorno estariam em risco iminente de desmoronamento.
O vice-governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, que está no local, afirmou que as equipes de resgate procuram "até quatro famílias sob os escombros" dos dois prédios.
De acordo com Castro, as informações sobre quem pode estar embaixo dos prédios e qual o número total de possíveis vítimas são imprecisos.
Nem mesmo os familiares sabem dizer quem estava lá com certeza ou não", afirmou. "Ainda esperamos resgatar pessoas com vida", completou.
O vice-governador também disse que o trabalho de perícia na região já foi iniciado. "Não sabemos se foi a chuva ou a irregularidade da construção. Seria irresponsável falar nesse momento. Nosso foco agora é resgatar pessoas", disse.
"Foi muito rápido", diz sobrevivente
Um morador de um dos prédios disse que estava dentro de casa quando houve o desabamento e que havia mais pessoas no local.
"Estava no quarto e corri para a sala. Quando cheguei à sala, desmoronou tudo em cima de mim. Fiquei em um bolsão de ar. Os meninos tiraram as paredes que estavam na frente e consegui sair. Foi muito rápido", disse Edvaldo ao canal GloboNews. Ele teve escoriações leves nas pernas.
Região foi atingida pelas fortes chuvas
O desabamento provoca interdições na estrada de Jacarepaguá, na região da comunidade do Muzema. A zona oeste do Rio foi uma das mais atingidas pelas chuvas dos últimos dias.
A avenida Engenheiro Souza Filho, uma das vias que dá acesso ao local, já estava interditada devido às chuvas desta semana e não havia sido liberada ainda devido ao acúmulo de lama, terra e água na região.
Os prédios que desabaram ficam dentro de um condomínio de casas e prédios no interior da comunidade da Muzema. Em vários pontos de acesso ao local da tragédia, é possível ver alagamentos e concentrações de lama que impedem a chegada de socorro ao local. No interior do condomínio também é possível ver diversas construções abandonadas ou em andamento.
Ouvinte relata cenário de destruição após desabamento de prédios no Rio
Band News
Fiações expostas e lixo também podem ser vistos nas ruas da comunidade. "Esse lixo foi amontoado por nós, moradores. A Comlurb mesmo não esteve aqui", afirmou a moradora da comunidade, Rose Lemos.
Apenas ônibus e caminhões têm conseguido chegar ao local da tragédia, por serem mais altos. Veículos mais baixos não conseguem passar pelos bolsões que se formaram.
Uma equipe da Light, enviada para desligar a energia, está com dificuldade de chegar ao local da ocorrência devido ao acúmulo de lama. Segundo a empresa, os bombeiros pararam a seis quadras de distância por conta da dificuldade nos acessos.
Equipes do Corpo de Bombeiros trabalham no resgate de vítimas do desabamento de dois prédios na Muzema, Zona Oeste do Rio. O registro foi feito por um ouvinte da BandNews FM. pic.twitter.com/zWuPGlaOLL
- BandNews FM - Rio (@bandnewsfmrio) 12 de abril de 2019Witzel fala em "situação lamentável"
O governador Wilson Witzel (PSC) lamentou as mortes. "Situação lamentável, que acompanho com atenção", escreveu em sua página no Twitter.