Duas pessoas morrem em confronto às vésperas de eleição na Nigéria
Confrontos entre apoiadores de candidatos rivais deixaram dois mortos e mais de 30 veículos queimados na vila de Kofu, na Nigéria. O país terá eleições presidenciais e legislativas no sábado (23).
As mortes ocorreram na noite de quinta (21) na vila de Kofa, a 70 km da cidade de Kano, no nordeste do país, durante um confronto entre os partidos APC (Congresso de Todos os Progressistas), do presidente Muhammadu Buhari, e o PDP (Partido Popular Democrático), de oposição.
Os nigerianos comparecerão às urnas no sábado (23) para escolher seu próximo presidente, depois do adiamento por uma semana da votação, o que aumentou a tensão da disputa entre o presidente Buhari, do partido APC, e seu principal rival, Atiku Abubakar, do PDP.
Depois do adiamento da votação na semana passada por problemas na entrega das cédulas, horas antes da abertura das 120 mil seções eleitorais, quase 84 milhões de pessoas devem votar no sábado a partir das 8h (4h em Brasília).
A Comissão Eleitoral Independente (Inec), que assumiu "plena responsabilidade" pelo adiamento em consequência de atrasos logísticos, mobilizou quase um milhão de agentes em todo o país e imprimiu 421 milhões de cédulas.
O presidente da Inec, Mahmood Yakubu, afirmou que os problemas logísticos eram "enormes" em um país de 190 milhões de habitantes, que carece de infraestrutura, onde a energia elétrica é esporádica ou inexistente em algumas regiões e no qual a persistente insegurança ameaça o desenvolvimento da votação.
Yakubu negou qualquer acusação de "interferência política" depois que as duas campanhas trocaram acusações de "sabotagem". Na quinta-feira (21), ele disse que não contempla um novo adiamento.
Mas nem todos estão convencidos. "Não temos muita certeza de que as eleições possam acontecer como previsto. Uma semana é um tempo muito curto", disse Adiodun Baiyewu, diretora da Global Rights Nigeria.
Desde o anúncio do adiamento, os nigerianos estão divididos entre o desespero e a resignação. As perdas financeiras, diretas ou indiretas, são enormes e podem custar até dois pontos do PIB, ou US$ 9 bilhões, de acordo com alguns economistas.
O adiamento exacerbou a tensão entre os dois candidatos, com trocas de acusações.
Buhari, 76, pede um segundo mandato para concluir os dois grandes projetos de seu governo, que motivaram sua eleição em 2015: acabar em definitivo com o grupo insurgente Boko Haram e combater a corrupção endêmica do país.
Ex-general que liderou a Nigéria pela primeira vez em 1983, Buhari ordenou que os militares sejam "impiedosos" com os que buscam a fraude.
O PDP acusou o chefe de Estado de levar o país de volta ao tempo das ditaduras militares e planejar uma fraude para a reeleição.
Do outro lado, Abubakar, 72, ex-vice-presidente (1999-2007) e empresário milionário, é encarado como um salvador em alguns círculos econômicos, apesar do passado manchado por várias denúncias de conflito de interesses e fraude.
Os dois são muçulmanos procedentes do norte do país, onde o chefe de Estado mantém a popularidade, apesar do balanço polêmico de sua gestão.
Para vencer a eleição, um candidato precisa, além da maioria dos votos, de pelo menos 25% dos dois terços dos 36 estados da federação e da capital federal, Abuja. Se isto não acontecer, um segundo turno deve acontecer na semana seguinte. Mas para complicar ainda mais o cenário até o momento não foi anunciada uma data para a divulgação dos resultados.
O pleito também definirá as 360 cadeiras da Câmara dos Deputados e as 109 do Senado. Quase 23 mil candidatos, um recorde, estão na disputa.
O país está saindo de uma grave recessão econômica e a violência afeta diversas regiões, com elevados índices de criminalidade ou ataques de grupos armados. A Nigéria é o maior produtor de petróleo da África e o país de maior população do continente.