Duas pessoas são presas após morte de jornalista na Irlanda do Norte

Dois homens foram presos em conexão com a morte da jornalista Lyra McKee, da Irlanda do Norte, que aconteceu na cidade de Londonderry no fim da noite de quinta-feira (18), em um ataque que a polícia qualificou de “incidente terrorista”.

“Os investigadores prenderam dois homens, no contexto da lei sobre o terrorismo em relação com essa morte”, indica o comunicado divulgado pela polícia norte-irlandesa.

As autoridades consideram que os disparos que atingiram a jornalista vieram de militantes do grupo nacionalista irlandês New IRA, grupo dissidente do antigo Exército Republicano Irlandês.

A jornalista foi morta a tiros enquanto assistia uma batida da polícia, que disse que estava tentando evitar ataques de militantes que se opõem ao tratado de paz de 1998 da Sexta-Feira Santa. Pelo menos 50 coquetéis molotov foram atirados e dois carros incendiados.

Pouco antes de ser morta, McKee havia postado em uma rede social uma foto da violência, que descreveu como “loucura absoluta”.

McKee, que foi nomeada Jovem Jornalista do Ano pela Sky News em 2006, estava escrevendo um livro sobre o desaparecimento de jovens durante as três décadas de sectarismo na Irlanda do Norte, que chegaram ao fim com o acordo de 1998.

A jornalista nasceu em Belfast, ex-reduto do grupo paramilitar católico que praticou atentados entre os anos 1970 e 1990 no país, e escrevia frequentemente sobre o conflito na Irlanda do Norte e suas consequências.

Londonderry se tornou conhecida por conta do “Bloody Sunday”, em 30 de janeiro de 1972. Soldados britânicos atiraram nos participantes de um protesto pacífico por direitos civis no local, deixando 14 mortos. A tragédia se tornou título da música “Sunday Bloody Sunday”, do grupo U2.

Os tiroteios aumentaram o apoio a movimentos guerrilheiros do IRA e seus aliados políticos nacionalistas até a assinatura do acordo de paz de 1998 (Good Friday).

Nesta sexta-feira (19), centenas de pessoas participaram de homenagens a Lyra McKee, que também era conhecida pelo ativismo em movimentos pelos direitos dos LGBT.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que a morte dela é “chocante”. Em Dublin, o premiê irlandês, Leo Varadkar, declarou que “não podemos deixar os propagadores da violência, do medo e do ódio nos levarem para o passado.”
 

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