Em 100 dias, Bolsonaro usa rede social como palanque virtual

Para o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o Twitter é uma espécie de palanque virtual. Ele usa com frequência a rede social como canal de comunicação tanto para assuntos oficiais como para se manifestar sobre temas diversos.

"No meu Twitter, é responsabilidade minha. Quem tem minha senha tem minha confiança. Não sou eu que posto (algumas vezes), mas dou o aval", disse Bolsonaro, em um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, na última sexta (5). Ele, contudo, não contou quem opera seu perfil além dele.

O comportamento, que ganhou notoriedade no período eleitoral, continuou com Bolsonaro eleito e com o presidente já despachando do Planalto. Entre as postagens estão anúncios de ministros, divulgação de ações de governo e manifestações que não raro geram polêmica dentro e fora do ambiente virtual.

Um levantamento feito pela Folha categorizou 385 postagens da conta do presidente nos 70 primeiros dias de governo. Essa análise constatou que 46% delas trataram de anúncios com planos e propostas de governo (ainda que boa parte desses tuítes trouxessem apenas planos genéricos). Outros 22% foram saudações e agradecimentos e em apenas 16% dos tuítes predominaram as críticas ou ataques.

O tuíte com maior repercussão nesse período foi o da polêmica envolvendo o “golden shower”, no qual o presidente compartilhou um vídeo que mostrou um homem urinando sobre o outro durante um bloco de Carnaval em São Paulo. Devido à repercussão negativa e por solicitação da defesa dos dois envolvidos, Bolsonaro apagou a postagem.

Ressalva feita ao conteúdo que não pode mais ser visto, veja a seguir algumas das principais manifestações do presidente no Twitter nos primeiros cem dias de governo:

"Tentam a todo custo nos explodir"
Em seu segundo dia no Planalto, Bolsonaro falou de supostas sabotagens que estaria sofrendo.

Anúncio de líder na Câmara
Retomando um hábito do período da transição, Bolsonaro anunciou no Twitter a nomeação do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) como líder do governo na Câmara.

Decreto da posse de armas
"Respeitando a vontade popular manifestada no referendo de 2005, devolvemos aos cidadãos brasileiros a liberdade de decidir", disse o presidente sobre decreto que facilita a posse de armas no país.

Piada com a imprensa
Em sua primeira viagem internacional, no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), Bolsonaro compartilha foto na qual aparece mexendo no telefone celular —que seria sua "arma" contra a imprensa. Dois dias depois, causou polêmica no evento ao cancelar de última hora uma entrevista coletiva com jornalistas.

Reconhecimento a Guaidó
Em postagens em português e inglês, Bolsonaro anuncia reconhecimento do Brasil ao líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Bolsonaro no Einstein
Depois de passar por cirurgia para retirada de colostomia, em 28 de janeiro, Bolsonaro usou o Twitter para agradecer. Ele teve alta do hospital Albert Einstein, em São Paulo, apenas em 13 de fevereiro —também registrada em sua rede social.

Crise com Bebianno
O Twitter também foi palco da polêmica que levou à demissão do ministro Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, foi à rede dizer que o ex-braço direito do pai mentia sobre ter feito contato com Bolsonaro. O próprio presidente endossou o ataque compartilhando a postagem, ampliando a fritura pública que culminou na primeira queda de um ministro no atual governo.

Apoio ao filho
Em meio à polêmica sobre a influência de Carlos junto ao pai, Bolsonaro usou o Twitter para uma postagem em apoio ao filho. Dos três que estão na política, Carlos é o mais próximo do pai e considerado "pitbull da família".

Relato distorcido
Depois do "golden shower" no Carnaval, Bolsonaro voltou a protagonizar polêmica no Twitter ao divulgar um relato distorcido sobre uma jornalista. O caso foi repudiado como uma tentativa de restringir o trabalho da imprensa.

Confissão de Battisti
Bolsonaro usou o Twitter para celebrar a confissão do terrorista italiano Cesare Battisti de crimes que cometeu na Itália no final da década de 1970. Ele viveu no Brasil entre 2004 e 2018 e era considerado um perseguido político pela esquerda. O presidente aproveitou ainda para fazer críticas à esquerda.

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