Em busca de eleitor de Bolsonaro, Doria defende armas no campo
O ex-prefeito João Doria (PSDB) disse nesta quarta-feira (17) estar alinhado ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na defesa do porte de arma para moradores da zona rural.
“Para o campo, eu acho que tem que ser revisto sim [o porte de arma]”, afirmou o candidato a governador durante ato de campanha em um conjunto habitacional na zona leste de São Paulo.
O tucano disse que é preciso estabelecer regras e fazer reavaliações anuais dos portes. “É uma posição que eu mesmo revi e entendo que seja razoável”, seguiu ele, explicando que ouviu a demanda em visitas “ao homem do campo” e se convenceu da necessidade.
Na semana passada, o ex-prefeito viajou ao Rio na expectativa de que Bolsonaro fizesse um vídeo de apoio a ele. Oficialmente, diz que queria apenas acompanhar uma gravação. Voltou sem o depoimento, falando que o candidato não pôde recebê-lo porque se sentia indisposto.
Nos bastidores, lideranças do partido do capitão reformado ficaram incomodadas com a tentativa de aproximação, já que o PSL optou por manter neutralidade na disputa estadual em São Paulo.
Bolsonaro, no dia seguinte, disse a repórteres que pode se encontrar e bater papo com o tucano “sem problema nenhum”. Afirmou que está grato pelo apoio. “Desejo boa sorte ao Doria, num primeiro momento.”
No ato de campanha desta quarta, Doria posou com uma faixa pregando o voto “BolsoDoria”.
Militantes exibiam nas roupas e nos carros adesivos em defesa do voto no ex-prefeito para o governo e no deputado para a Presidência. "Nóis é caipira e BolsoDoria", dizia um dos cartazes.
Outros estampavam a expressão "Cristãos com BolsoDoria" e eram ilustrados com fotos do tucano e do militar reformado.
O postulante ao Palácio dos Bandeirantes, que disputa o segundo turno contra Márcio França (PSB), aproveitou a agenda com a imprensa para prometer investimentos em habitação.
O condomínio visitado por ele, em fase final de obras, fica no Parque Savoy City e foi construído com recursos dos governos municipal, estadual e federal. Doria prometeu repetir experiências do tipo, caso eleito, para ajudar a resolver o déficit de 1,3 milhão de moradias na cidade.
Ele também reiterou “não ter a menor condescendência” com ocupação de imóveis vazios. “Não vamos permitir. [...] Podem ser ‘retrofitados’ com a finalidade de atender à habitação popular, mas invasões, não. Invasão é crime.”
Após conhecer um dos apartamentos, o tucano foi para o lado de fora gravar um vídeo para suas redes sociais.
“Estamos aqui, eu e meu vice, Rodrigo Garcia...”, dizia, quando foi interrompido pelo grito de um homem que passava de carro.
“Vou votar no Françaaa”, disse o motorista, obrigando o candidato do PSDB a começar o vídeo de novo.
No interior do condomínio, ele disse que seu adversário é que “é um lobo em pele de cordeiro”.
O atual governador está veiculando anúncios associando Doria ao ditado popular, criticando-o por querer se descolar de seu passado. A propaganda reúne vídeos da campanha do tucano a prefeito da capital em 2016, quando ambos eram aliados. Nos filmes de dois anos atrás, o tucano elogia o socialista.
“Eu que chamo ele de lobo em pele de cordeiro”, disse Doria —que antes do adversário fez anúncios usando a expressão para se referir a França, sob o argumento de que ele é esquerdista e alinhado ao PT de Lula.
“Até nisso ele é fraco, não tem nem capacidade de ter criatividade”, disse, sobre a repetição da frase pela candidatura do concorrente.
O ex-prefeito voltou a afirmar que o socialista apoia o ex-presidente Lula, se posicionou contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e pediu licença da Prefeitura de São Vicente para coordenar em 2002 a campanha de Anthony Garotinho, “que já foi preso”. “É um esquerdista disfarçado.”
Um repórter quis saber: “Por que o senhor não levou isso em conta há dois anos, candidato?”. Doria, que já encerrava a entrevista coletiva, saiu sem responder, ao mesmo tempo em que apoiadores ao redor puxaram aplausos.