Em carta de despedida, ex-presidente peruano rejeita acusações
O ex-presidente peruano Alan García rejeitou as acusações de corrupção contra ele em uma carta escrita antes de se suicidar, na última quarta-feira (17), afirmando que "não houve nem haverá contas nem subornos nem riqueza".
"Vi outros desfilarem algemados resguardando sua miserável existência, mas Alan García não tem por que sofrer essas injustiças e circos", escreveu o ex-presidente na mensagem dirigida a seus seis filhos, lida nesta sexta-feira (19), com emoção, por sua filha Luciana durante cerimônia fúnebre.
Alan García governou o Peru de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011. Na quarta-feira, logo após saber que a Justiça havia pedido sua prisão preliminar por dez dias, atirou na própria cabeça, morrendo poucas horas depois.
O ex-presidente era acusado de envolvimento no escândalo da empreiteira brasileira Odebrecht, que declarou ao Departamento de Justiça norte-americano ter pago US$ 29 milhões em propinas e caixa 2 no país. Ele já havia tentado escapar da Justiça ao pedir asilo ao Uruguai, em novembro, mas o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, se recusou a aceitá-lo.
García era investigado por dois casos relacionados à Odebrecht. O primeiro está ligado a aportes de campanha ilegais da empreiteira nas eleições presidenciais peruanas de 2006, vencidas por García. Para isso, a empresa teria pago US$ 200 mil.
O segundo envolve a licitação das obras da linha 1 do metrô de Lima. Em 19 de fevereiro de 2009, García convocou uma reunião ministerial de emergência, no mesmo dia em que havia se encontrado com um operador da Odebrecht, Jorge Barata. Alguns meses depois, o então presidente emitiu um decreto concedendo a licitação da obra a um consórcio do qual a Odebrecht fazia parte.