Em queda de popularidade, Macron reúne Parlamento em Versalhes e é chamado de monarca
O presidente francês, Emmanuel Macron, se reúne nesta segunda-feira (9) no Palácio de Versalhes com o Parlamento. Esta é a segunda vez que o chefe de Estado francês promove esse encontro com deputados e senadores, apesar das críticas sobre seu estilo "monarquista" de governar o país. Parte da oposição já anunciou que irá boicotar o evento.
Durante cerca de uma hora, Macron anunciará os principais pontos de sua política para os próximos 12 meses, entre elas a reforma da aposentadoria e do audiovisual francês. Outros temas, apostam analistas, envolvem a revisão constitucional e a questão do fluxo migratório na Europa.
O presidente francês também deverá explicitar sua opinião sobre as ajudas sociais na França.
Para seu partido, A República em Marcha, o país deve abandonar a "lógica da compaixão, que conforma os indivíduos na ideia da ajuda, sem a perspectiva de não precisar mais dela um dia", e apostar em uma "política social emancipatória", como descreveu a presidente da comissão de questões sociais da Assembleia Francesa, Brigitte Bourguignon, do partido de Macron.
Queda de popularidade
A intervenção acontece em um momento particularmente delicado para o chefe de Estado francês, que está perdendo cada vez mais popularidade.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal Le Figaro e a rádio France Info, apenas 29% dos franceses julgam a política macronista "justa" e apenas 34% "eficaz".
O chefe de Estado francês vem sendo criticado por sua postura distante da realidade do francês média, o que leva a oposição e a imprensa francesa a muitas vezes o compararem ao imperador Napoleão Bonaparte.
A ausência de medidas sociais também incomoda representantes de alas mais ou menos moderadas da política francesa.
O preço da reunião em Versalhes, é, para muitos, um bom exemplo: a reunião é avaliada entre € 400 mil e € 600 mil (entre R$ 1,8 milhão e R$ 2,7 milhões), um montante excessivo para um governo que visa reduzir os gastos públicos.
A vice-líder do Partido Socialista (PS) no Senado, Marie-Noëlle Lienemman, criticou a reunião. Nas redes sociais, ela declarou que o presidente francês "reduz o Parlamento a um simples espectador".
O líder do PS, Olivier Faure, confirmou sua presença, mas salientou que o encontro "é autocrático, monárquico".
Todos os deputados do partido de extrema-esquerda França Insubmissa vão boicotar o evento.
A Presidência francesa justifica que recorre a uma mudança implantada durante a reforma constitucional de 2008, feita pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy. Ela autoriza o chefe de Estado a discursar diante das duas câmaras reunidas e gerar um debate sem necessidade de voto.