Em reunião com artistas, Haddad toca violão e diz que Bolsonaro é 'parto necessário'
Em encontro com artistas em Higienópolis, em São Paulo, nesta quarta (26), o candidato Fernando Haddad (PT) defende que se encare a expressividade de Jair Bolsonaro (PSL) como um parto necessário para o desenvolvimento.
“Não tem como se desenvolver do ponto de vista institucional sem passar por alguns partos”, discursou. “As nações que chegaram ao desenvolvimento, que a gente respeita, passaram por momentos tão dramáticos quanto o que nós estamos passando agora.”
“Se a gente vencer essa etapa, nós vamos olhar para trás e, ao invés de acusar aqueles que querem votar no Bolsonaro e tudo o mais, vamos compreender que é uma parte de um sentimento que se expressou dessa maneira, como uma febre alta, mas que foi importante em determinado momento para a gente pensar que tem uma coisa errada com esse organismo aqui e vamos cuidar dele porque é muito importante para nós.”
O petista foi recebido na casa da marchand e figurinista Regina Boni depois do debate do SBT, Folha e UOL. Estavam na recepção artistas como Odair José, Monique Gardenberg e Felipe Cordeiro, entre outros. “Ele é muito humano, tem ótima interlocução”, disse Boni.
Ao final compositor Francis Hime tocou “Vai Passar”, de Chico Buarque, ao piano, acompanhado pelo público, que cantou. Em seguida, ele puxou um coro de “ole, ole, olá, Lula, Lula” e outras canções.
Haddad, que também tocou violão antes de discursar e responder a perguntas, mostrou-se otimista.
“A política é sempre muito complicada, tem certos protocolos difíceis de romper, mas talvez depois de quatro anos de sofrimento, exista um ambiente para superar essa fase que chamam de polarização”, disse.
“O Brasil está preparado para essa superação, sobretudo se essa ameaça que paira no ar não for compreendida como uma ameaça propriamente dita, mas como um alerta. Não tenho medo do futuro, nenhum, acho que o Brasil vai superar.”
Haddad suscitou risos tímidos ao mostrar alguma surpresa com a campanha petista no Nordeste, onde o ex-presidente Lula tem alta popularidade.
“No Nordeste, está um negócio incrível, você nem entende”, disse, sorrindo. “Meio um Carnaval fora da época mesmo”, emendou a fala de alguém na plateia.
“Não podemos nos contentar com isso, mas o fato do sopro do Nordeste está fazendo a diferença para o bem. E desculpa, mas, para quem conhece a história do Brasil, é do caramba. Um sopro de liberdade democracia e festa até.”
Sem citar nomes, ele mencionou “o momento muito delicado que a gente está vivendo já há algum tempo” e, como tem sido, evitou autocríticas.
“Não quero repassar os erros de todos os envolvidos, porque são muitos.”