Encontro com Trump na Casa Branca | Bolsonaro não descarta apoiar intervenção dos EUA na Venezuela
Após reunião com Donald Trump hoje, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que Brasil e Estados Unidos "farão o possível" contra a ditadura de Nicolás Maduro e não descartou ceder o território brasileiro para uma possível intervenção militar norte-americana na Venezuela.
Bolsonaro não detalhou ações tomadas em conjunto ("tem certas questões que se você divulgar, deixam de ser estratégicas", afirmou) e deu resposta evasiva ao ser questionado por um jornalista se permitiria uma "base militar estadunidense ou pessoal do Brasil para dar apoio na Venezuela".
"Essas questões reservadas, que podem ser discutidas, se já não foram, não poderão se tornar públicas", afirmou Bolsonaro ao lado de Trump, na frente da Casa Branca.
Brasil na Otan e na OCDE
No terceiro e último dia de sua primeira viagem oficial a Washington, Bolsonaro foi à Casa Branca e mencionou apoio de Trump para a entrada do Brasil em duas alianças internacionais: a Otan (militar) e a OCDE (econômica).
"Discutimos a possibilidade de o Brasil entrar como um grande aliado extra Otan. Há pouco permitimos que alimentos fossem alocados em Boa Vista, capital de Roraima, por parte dos americanos para que a ajuda humanitária se fizesse presente na Venezuela. No momento estamos nesse ponto", disse Bolsonaro.
Nos dias que antecederam o encontro com Trump, Bolsonaro assinou acordos avaliados como favoráveis aos EUA: isentou turistas norte-americanos de visto para visitar o Brasil e permitirá o uso da base da Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de satélites.
Questionado sobre o que daria ao Brasil em troca, Trump afirmou:
"Sem dúvidas, vamos apoiar a entrada do Brasil [na OCDE]", disse Trump. Fazer parte da organização é uma das ambições do governo Bolsonaro no âmbito das relações internacionais.
Em seu discurso, Trump agradeceu o Brasil por ter permitido o uso de suas fronteiras para o oferecimento de ajuda humanitária para a Venezuela.
Aliança contra o socialismo
Conhecidos pela retórica política de ataque à esquerda, Trump afirmou, ao lado de Bolsonaro, que o socialismo no hemisfério está em seu momento final.
"O crepúsculo do socialismo chegou em nosso hemisfério e, a propósito, a hora final também chegou ao nosso grande país, que está indo muito melhor do que já foi economicamente. A última coisa que queremos nos EUA neste momento é o socialismo", disse Trump, que deve enfrentar candidatos democratas no ano que vem.
Ao fim da coletiva de imprensa, os presidentes saíram juntos, e Bolsonaro colocou a mão nas costas de Trump, indicando que o anfitrião seguisse à frente.
Proximidade
Antes da reunião a portas fechadas, Bolsonaro e Trump já haviam feito breve declaração à imprensa e anteciparam o tom amistoso do encontro.
"Nunca estivemos tão próximo", disse Trump ao receber Bolsonaro (PSL) na Casa Branca no início da tarde de hoje.
Os presidentes deram um para o outro camisas de futebol dos respectivos países de presente.
"Depois dos últimos presidentes anti-americanos, o Brasil mudou a partir de 2019, Temos muita coisa para conversar, muito a oferecer. Temos muita coisa em comum e isso é motivo de orgulho". Jair Bolsonaro.
19.mar.2019 - Presidente dos EUA Donald Trump troca camisas de futebol com o presidente Jair Bolsonaro Imagem: Brendan Smialowski/AFP
Apoiadores
Bolsonaro chegou à Casa Branca por volta das 13h (horário de Brasília) de hoje. Ele foi transportado em um carro com bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos e foi recepcionado por Trump, sorridente, na porta da Casa Branca.
Às 12h57, Bolsonaro e uma comitiva de ministros e assessores deixaram a Blair House, residência do complexo da Casa Branca, onde estão hospedados. Um grupo de cerca de 15 brasileiros, com bandeiras do país, esperou pela aparição do presidente brasileiro e dos ministros, dentro os quais o mais esperado era o da Justiça, Sérgio Moro.
Os brasileiros gritaram "mito" e "estamos juntos" para o presidente brasileiro. Bolsonaro sorriu e acenou em retribuição, mas não falou diretamente com o grupo por questão de segurança. Instantes antes, Eduardo Bolsonaro também desceu a escadaria e acenou para os presentes.
Apoiadores gritam 'mito' antes de Bolsonaro encontrar Trump'
UOL Notícias
Na visita oficial, Bolsonaro usa uma caminhonete preta blindada e com aparato de segurança especial. Ela conta com duas bandeiras hasteadas: uma do Brasil e outra dos EUA. Toda avenida em frente à Casa Branca foi interditada para o trânsito do presidente e sua comitiva.
Mais cedo, Bolsonaro se encontrou com o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro. Segundo filho e deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), eles discutiram a crise política.