EUA anunciam sanções a 17 sauditas por morte do jornalista Khashoggi
O Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções a 17 sauditas nesta quinta-feira (15) por seu papel no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, no mês passado, no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.
Esta foi a primeira reação concreta do governo de Donald Trump à morte do jornalista. Segundo a Procuradoria-geral saudita, Khashoggi, crítico da monarquia do país e colaborador do Washington Post, foi morto com uma injeção letal no consulado do país em Istambul em 2 de outubro após uma luta. Seu corpo foi esquartejado e retirado do edifício.
Entre os sancionados estão Saud al-Qahtani, que foi demovido do cargo de assessor do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman; Mohammed Alotaibi, cônsul geral do país; e membros de uma equipe de 15 pessoas identificadas pela Turquia como parte do esquema de assassinato de Khashoggi.
A lista não inclui quatro membros da equipe de inteligência saudita demitidos no mês passado pelo envolvimento com o crime: os generais Ahmed Asiri, Rashad bin Hamed al-Hamadi, Abdullah bin Khaleef al-Shaya, Mohammed Saleh al-Ramih.
O anúncio é uma medida pouco comum de Washington, que raramente impõe sanções a sauditas. O governo americano não adotou a medida nem ao menos após os ataques de 11 de Setembro, em que 15 dos 19 terroristas que sequestraram os aviões usados nos atentados eram do reino árabe.
A punição foi implementada sob a Lei de Responsabilidade Global de Direitos Humanos Magnitsky, que mira violações dos direitos humanos e corrupção. Os sauditas inclusos nas sanções passam a ter acesso limitado ao sistema financeiro americano e seus bens são congelados.
"Estes indivíduos que mataram brutalmente um jornalista que morava e trabalhava nos Estados Unidos precisavm encarar as consequências de suas ações", disse o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, em comunicado.
"O governo da Arábia Saudita precisa tomar ações apropriadas para acabar com os ataques a dissidentes políticos ou jornalistas."
As restrições impostas pelos EUA, contudo, não atingem o governo de Riad, importante aliado econômico americano. A preocupação do governo Trump é não colocar em risco o lucrativo acordo de venda de armas que os EUA mantém com a Arábia Saudita.
O presidente dos EUA saiu, inclusive, em defesa do governo de Riad nas semanas seguintes ao desaparecimento do jornalista, quando sua morte ainda não era confirmada.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, classificou o anúncio das sanções como um passo importante em resposta à morte de Khashoggi e disse que seu departamento continuaria a buscar os fatos por trás do crime e a trabalhar com outros países para levar à Justiça os envolvidos.
As sanções foram anunciadas horas depois da procuradoria-geral da Arábia Saudita pedir a pena de morte para cinco dos 11 suspeitos acusados.
O porta-voz, o vice-procurador-geral Shaalan al-Shaalan, disse a repórteres que Khashoggi foi morto depois que "negociações" para sua volta ao reino fracassaram.
Segundo ele, o subdiretor de serviços de inteligência do país, general Ahmed al Asiri, ordenou que trouxeram Khashoggi "por bem ou por mal", e o chefe da equipe de "negociadores" enviados a Istambul para repatriá-lo ordenou sua morte.
Em resposta à pergunta de um jornalista, o vice-procurador afirmou que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MbS, não estava ciente do caso.
Segundo ele, o paradeiro do corpo de Khashoggi continua desconhecido.